Segunda-feira, 28 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 25 de agosto de 2019
“Cara, como você trabalha com aquele maluco?”. A pergunta é feita com frequência a Jorge Oliveira, que comanda a Secretaria-Geral da Presidência da República. Diferentemente dos antecessores, Gustavo Bebianno, hoje rompido com o governo, e Floriano Peixoto, despachado para os Correios, Jorge tem o mais importante para se manter no Palácio do Planalto, a confiança de Jair Bolsonaro.
Seu pai, o capitão do Exército Jorge Francisco, trabalhou com o presidente de 1998 até o ano passado, quando morreu de um infarto. Já Jorge está com a família desde 2003. Quando ganhou a eleição, Bolsonaro o anunciou como subchefe de Assuntos Jurídicos. Seis meses depois, o major da PM se tornou ministro e passou a acumular os dois cargos.
Não acha que ele se expõe muito para um presidente?
“Não tem jeito, é dele. Jair não segue protocolo, não tem visão de liturgia do cargo. Desde quando eu era assessor dele na Câmara, dizia: “Isso aqui não vai cair bem com a população”. Ele responde: “Não tem que cair bem ou mal, é o que eu penso.” Com todos os defeitos, prefiro a sinceridade à falsidade. Se ele não gostou do que você fez, não disfarça. Ele vira e fala: “Poxa, major!” E solta dois palavrões.
Sua relação com o presidente é mais fácil do que a de outros ministros?
“Pelo tempo que temos de convivência, posso compreender melhor uma eventual canelada que ele dê, o momento e a forma de levar certos assuntos”.
Isso se aplica ao ministro Moro, que vem sendo “fritado” pelo presidente?
“Não é uma particularidade do Moro. Isso inclui todas as pessoas que estão conhecendo o presidente agora. Eu não vejo essa “fritura”.
Bolsonaro relatou a diversas fontes que está insatisfeito com Moro.
“Não que não haja discordância. Até na nossa família também tem discordância. É normal. E as coisas no governo são muito intensas. Tem um volume de coisas, de informação, tudo é urgente. O ministro Moro tem uma formação e o presidente tem outra”.
Mas está claro que o projeto anticrime de Moro não é prioridade do governo.
“O pacote do Moro é muito importante, mas temos de ser realistas. Há uma resistência do Parlamento. Dentro da linha de prioridades, como as reformas, atravessarmos com um tema dessa complexidade atrapalha. É uma avaliação política, não do mérito. De repente, uma campanha publicitária sobre o pacote anticrime ou um sinal do governo poderiam incitar a opinião pública contra o Congresso. A pauta do Legislativo é ele quem faz”.