O ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, afirmou que o vínculo da ministra do Turismo, Daniela Carneiro (União), com um miliciano, pelo menos com as informações disponíveis até o momento, “não a compromete”, pois estaria restrito a atos relativos a campanhas eleitorais.
Daniela é acusada de manter vínculo há pelo menos quatro anos com as famílias de chefes de milícias no Rio de Janeiro (RJ). Em nota, Daniela disse que recebe apoio de “milhares de eleitores” e que cabe à Justiça “julgar quem comete possíveis crimes”.
“Acho o seguinte: numa campanha eleitoral, você tem apoio de todos os tipos.
Nesse caso, parece uma relação de campanha e, nesse sentido, não a compromete. Nenhum de nós vai ficar a salvo de qualquer problema”, disse Teixeira, garantindo que não haverá qualquer acobertamento por parte do governo caso se encontre provas de ilícitos cometidos.
O ministro defendeu que o caso de Daniela é diferente das implicações com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). “O Bolsonaro tinha vínculos orgânicos com
milicianos.”
“Consciência tranquila”
Durante a primeira reunião ministerial do governo Lula, nessa sexta-feira (6), Daniela Carneiro disse ter a “consciência tranquila” em relação às acusações de ligação com milicianos.
Segundo informações do jornal O Globo, a declaração da ministra do Turismo foi confirmada, sob condição de anonimato, por dois de seus colegas na Esplanada.
A hoje ministra do Turismo foi a deputada federal mais votada no Estado do Rio nas eleições do ano passado.
“Inimigos”
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva avalia não haver fatos para substituir a ministra. Em conversas reservadas, o petista disse não ter visto nada que desabone Daniela, embora ela tenha recebido apoio de milicianos na campanha eleitoral. Ela atribui a adversários as acusações de ligação com milicianos.
“Inimigos querendo me queimar, mas não irão conseguir”, escreveu a ministra em uma mensagem de WhatsApp flagrada pela reportagem do jornal O Estado de S. Paulo. Lula sempre condenou a aproximação do ex-presidente Jair Bolsonaro com integrantes de milícias. Na sua avaliação, porém, a ministra do Turismo pode ter sido vítima de fogo amigo.
Uma ala do União Brasil, partido de Daniela quer trocá-la porque ela não foi uma indicação da bancada da Câmara. Seu nome foi sugerido pelo presidente da legenda, deputado Luciano Bivar (PE), e pelo senador Davi Alcolumbre (AP).