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Ministro do Supremo Alexandre de Moraes critica “inércia” do Exército ao permitir acampamento golpista no Quartel-General em Brasília

Ministro também disse que a PRF fez "corpo mole" diante dos bloqueios em rodovias após a vitória de Lula. (Foto: Bruno Peres/Agência Brasil)

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, fez duras críticas à atuação do Exército, apontando uma “inércia” por parte da instituição ao permitir que acampamentos golpistas fossem montados em frente aos seus quartéis após as eleições de 2022. As declarações ocorreram durante uma solenidade, nessa quarta-feira, que marcou os dois anos dos ataques de 8 de Janeiro, quando bolsonaristas depredaram as sedes dos Três Poderes em Brasília.

De acordo com Moraes, o acampamento montado em frente ao Quartel-General do Exército na capital federal foi um ponto de partida para a violência.

“Houve inércia, houve omissão de se deixar acampamentos serem montados à frente dos quartéis pedindo intervenção, pedindo golpe. Isso é crime”, afirmou o ministro, ressaltando que as autoridades do Exército não tomaram providências suficientes para impedir a formação desses acampamentos. Ele enfatizou ainda que, ao permitirem essa situação, as autoridades militares foram coniventes com os atos de incitação à violência. “E hoje ninguém mais pode dizer que não sabe disso. São crimes de incitação, de organização criminosa por estarem à frente dos quartéis”, completou Moraes.

O ministro também destacou que aqueles que participaram da instalação dos acampamentos e dos ataques de 8 de Janeiro não estavam exercendo um direito democrático legítimo, como poderiam argumentar alguns, mas sim buscando pressionar as Forças Armadas a apoiar um golpe de Estado.

Segundo ele, “não havia qualquer manifestação democrática” nos atos, que se caracterizavam por uma tentativa de subverter a ordem constitucional do País. Moraes ainda apontou que o uso das redes sociais pelos golpistas agravou a situação, levando os envolvidos a se filmarem cometendo crimes e convocando outros a se juntarem ao movimento criminoso. “O sentimento de impunidade e a loucura das redes sociais fizeram com que os próprios criminosos se filmassem praticando os crimes e postassem convocando novos criminosos”, afirmou.

Além disso, Moraes criticou a atuação da Polícia Rodoviária Federal (PRF), que, segundo ele, fez “corpo mole” ao não agir com rigor para desbloquear rodovias que haviam sido interditadas pelos manifestantes bolsonaristas, em protestos contra a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições.

Apesar de as investigações terem avançado e já terem identificado e processado militares e políticos envolvidos em tentativas de articulação golpista, Moraes alertou que o sentimento golpista ainda persiste no Brasil. Ele também disparou contra as “bravatas de dirigentes irresponsáveis”, que continuam a fomentar a instabilidade, e reafirmou a necessidade de as redes sociais operarem de acordo com as leis brasileiras. O ministro também lembrou que, nos últimos dois anos, o STF já condenou 371 pessoas envolvidas diretamente na incitação ou execução dos atos golpistas de 8 de janeiro.

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