Ícone do site Jornal O Sul

Há pouco mais de um mês no cargo, ministro do Turismo recebe pelo menos dois congressistas por dia, média três vezes maior que de sua antecessora

Celso Sabino turbinou a agenda com parlamentares. (Foto: Vinicius Loures/Câmara dos Deputados)

Em seu primeiro mês no comando do Ministério do Turismo, Celso Sabino tem estreitado a relação com o Congresso Nacional e transformado o encontro com deputados e senadores em um novo protocolo de gestão. Ele busca turbinar o minguado orçamento da pasta com emendas parlamentares.

De acordo com o ministério, até quinta-feira, Sabino, que assumiu em 13 de julho, havia realizado reuniões com 81 parlamentares, entre senadores e deputados federais, espalhados em dez partidos: União Brasil, MDB, PP, PL, Republicanos, PSD, PSDB, PV, PT e PDT — média de 2,1 por dia. Sua antecessora, Daniela Carneiro, em sete meses, recebeu 105 congressistas, ou 0,5.

Nos encontros, Sabino apresenta um “cardápio de propostas e projetos” para atrair emendas. Ele mantém em sua rotina semanal dois dias para priorizar o diálogo com congressistas, normalmente às terças e quartas-feiras, quando a agenda do Legislativo é intensa. Sabino assumiu o ministério após pedido de seu partido, o União Brasil, para substituir Daniela, que estava em litígio com a legenda. Ambos têm mandato de deputado federal.

Sabino também já esteve com nove deputados estaduais e 49 prefeitos, totalizando 139 autoridades. Só para a última quarta-feira, a agenda do ministro previa o atendimento de cerca de 28 parlamentares. Sabino desenvolveu o hábito de receber os deputados e senadores na porta do ministério e acompanhá-los pelo elevador privativo até o gabinete, onde ocorrem as reuniões.

“O diálogo permanente com deputados e senadores é palavra de ordem no nosso trabalho e tem sido ampliado, até por sabermos da importância dos parlamentares na construção de avanços”, afirmou Sabino.

A conduta do novo auxiliar do presidente Lula marca uma inflexão no governo, que agora busca alianças com forças políticas criticadas pelo PT nas eleições do ano passado.

Mudança de lado

Durante a campanha, Lula chegou a dizer que iria “dar um jeito no Centrão” — e se referia ao grupo com ênfase para criticar a gestão de recursos públicos e defender o fim do orçamento secreto. A prática foi enterrada pelo Judiciário em 2022, mas as tensões decorrentes da decisão continuam.

Expoente do grupo político e fiel aliado do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), Sabino agora tenta angariar apoio ao governo no Legislativo e facilitar o pagamento de emendas parlamentares.

O ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, afirmouque a bancada do União Brasil é “aliada” e que Sabino “ampliará a convergência política” com o partido.

“O Ministro Celso Sabino já mostrou, com a sua chegada, que ampliará essa convergência política e dará continuidade ao bom trabalho técnico que já vinha sendo feito pela ministra Daniela”, disse Padilha.

Parlamentares do União Brasil relataram que a atenção às bancadas e o trânsito no Congresso melhoraram com a chegada de Sabino. Não há, no entanto, nenhuma sinalização de que sua nomeação vá ter grande impacto na adesão do partido ao governo. Oposicionistas ainda veem com descrença a estratégia de incorporar nomes do Centrão à base, sem uma compensação real na destinação de emendas.

“O maior problema é que (o governo) empenhou um monte de emenda e não está pagando”, diz o deputado Sóstenes Cavalcanti (PL-RJ).

Para angariar apoio, Sabino também tem colocado o pé na estrada. Na última semana, o ministro esteve no Maranhão com uma comitiva de oito deputados federais, para agenda do projeto “MTur Itinerante”, que divulga ações da pasta. No evento, também esteve presente o governador Carlos Brandão (PSB), além de deputados estaduais. Sabino tratou ainda sobre possibilidades de investimento na área.

O deputado Felipe Carreras (PSB-PE), que preside a Frente Parlamentar em defesa do Turismo, elogiou o trabalho do colega.

“Ele tem uma excelente relação (com o Congresso), ele é muito querido pelos parlamentares e por líderes, por partidos independentemente de serem base, oposição ou centro. Isso facilita, você não partidariza o ministério. Ele tem um trânsito bom, está dialogando, recebendo”, disse Carreras.

Sair da versão mobile