O Ministério do Turismo formalizou junto ao Ministério de Relações Exteriores um pedido para isentar de visto de turistas os norte-americanos entre junho de 2015 e dezembro de 2016. O documento foi entregue nessa sexta-feira ao chanceler Mauro Vieira pelo ministro do Turismo, Henrique Alves.
O Brasil ocupa a 91ª colocação em um ranking de 141 países na dimensão “abertura internacional”, de acordo com estudo de competitividade do Fórum Econômico Mundial. No subitem que avalia o percentual da população mundial que necessita de visto para entrar no País, o Brasil cai para 102ª colocação. Alves afirmou que essa é uma estratégia-piloto que pode ser estendida, posteriormente, a outros países estratégicos para a ampliação do fluxo de estrangeiros e entrada de divisas no Brasil.
A medida segue a tendência adotada por aproximadamente 50 grandes destinos internacionais, que alteraram sua política de visto para cidadãos de mais de 30 países entre 2010 e 2014. Ainda assim, no ano passado, cerca de 62% da população mundial precisava obter um visto antes de iniciar uma viagem internacional.
“A barreira do visto, em um país que se prepara para receber um dos maiores eventos esportivos do mundo em 2016, representa uma demanda represada, receita reduzida e imagem afetada pela falta de abertura internacional. A decisão certamente pode contribuir para reduzir o déficit da nossa conta Turismo, que em 2014 foi de 18,6 bilhões de dólares”, declarou o ministro Alves.
O pleito do Ministério do Turismo leva em conta a proximidade dos Jogos Olímpicos do Rio; a experiência de flexibilização de vistos durante a Copa do Mundo 2014, com um milhão de estrangeiros visitando o País e cerca de cem mil vistos especiais emitidos para o período; e o perfil do turista norte-americano, que mesmo com exigência de visto para entrada no País é o segundo maior mercado emissor para o Brasil (592,8 mil em 2013), o que mais gasta (1.427,00 dólares) e mais permanece no País a lazer (20,6 dias).
Durante o Mundial de futebol, quando a liberação de vistos foi facilitada, os estrangeiros gastaram 1,4 bilhão de dólares do início de junho até o dia 23 de julho. O valor foi um recorde histórico.
O embaixador Mauro Vieira afirmou não ter nenhuma dificuldade ideológica para atender o pleito, mas ressaltou a política de reciprocidade. “Já temos acordo de isenção com 82 países, mas precisamos seguir a lei e as políticas vigentes no País”, disse o embaixador.
Embaixadora
A embaixadora norte-americana no Brasil, Liliana Ayalde, disse recentemente que a isenção de vistos de brasileiros para entrarem nos Estados Unidos e de norte-americanos para entrarem no Brasil depende do governo brasileiro. Para a embaixadora, o fato de o Brasil ter 96% dos pedidos concedidos já atende um dos requisitos exigidos pelo governo dos EUA para isentar cidadãos daqui a apresentar o visto naquele país. Não passa de “mito” o medo que as pessoas têm de não conseguir o visto para os EUA, assegurou. Ela ainda considerou que o processo para a concessão do documento avançou significativamente após a descentralização do atendimento.