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Ministro quer anular delação de empreiteiro

Edinho Silva prometeu acionar a Justiça para ser ouvido no processo e, confirmado o teor da delação de Pessoa, processar o delator. (Foto Sérgio Lima/Folhapress)

A primeira reação do governo depois que a revista Veja revelou os detalhes da delação premiada do empreiteiro Ricardo Pessoa, da UTC, partiu dos ministros da Justiça, José Eduardo Cardozo, e da Secom (Secretaria de Comunicação Social), Edinho Silva – que foi tesoureiro da campanha presidencial em 2014 e é acusado de pressionar o empreiteiro a doar 7,5 milhões de reais. No sábado, ambos concederam uma entrevista coletiva em que pouco acrescentaram ao discurso oficial de negação.

A estratégia, desenhada em uma reunião com a própria presidenta Dilma Rousseff no Palácio da Alvorada, foi enfatizar que as doações foram registradas na Justiça Eleitoral e, ao mesmo tempo, dizer que outros partidos, inclusive os de oposição, foram favorecidos pelas doações da UTC.

Além de criticar o que chamou de “vazamento seletivo”, Silva salientou que a delação “não expressa a verdade dos fatos” e assegurou ter cumprido as orientações de Dilma. “Ela sabe que eu cumpri exatamente o que ela pediu que eu cumprisse: que eu arrecadasse com lisura e dentro da legalidade”, afirmou. Ele informou ter se reunido com Pessoa para tratar apenas de doações legais, e negou ter usado a Petrobras para pressionar o empreiteiro a financiar a campanha de Dilma à reeleição.

O petista prometeu acionar a Justiça para ser ouvido no processo e, confirmado o teor da delação de Pessoa, processar o delator. “Se as mentiras [a delação de Pessoa] divulgadas pela imprensa forem comprovadas eu tomarei as medidas judiciais em defesa da minha honra”, afirmou. O ministro disse que isso poderá levar à anulação da delação do empreiteiro. “Comprovadas as mentiras, isso fará cessar inclusive os benefícios decorrentes da delação premiada.”

Nem Silva nem Aloizio Mercadante (Casa Civil), outro implicado diretamente nas revelações de Pessoa, deixarão o cargo. Cardozo disse manter a confiança neles e os orientou a se defender. Mercadante, entretanto, deixou de embarcar na comitiva presidencial que viajou para os Estados Unidos no sábado. De acordo com Cardozo, a orientação da chefe do Executivo foi para que Edinho e Mercadante reagissem às afirmações feitas por Pessoa: “Ela disse ao ministro Edinho Silva e a todos os outros que porventura tenham sido atingidos que agissem. Ou seja: defendam-se porque vocês estão sendo objeto de inverdades e informações caluniosas”, salientou o titular da Justiça. (AG)

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