Terça-feira, 29 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 1 de novembro de 2023
Ministros do governo Lula que antes viam Flávio Dino como franco favorito para o Supremo Tribunal Federal (STF) mudaram de avaliação.
A articulação de senadores do centrão e da direita contra a indicação do ministro da Justiça teria feito Lula reavaliar sua escolha para a Corte, segundo membros do governo.
Na semana passada, o indicado pelo presidente à Defensoria Pública da União (DPU) não foi aprovado pelo Senado. A Casa é a mesma que precisa chancelar o indicado de Lula ao Supremo. O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) disse que a rejeição era um recado para Lula sobre a possível indicação de Flávio Dino.
Integrantes do governo passaram a avaliar que Lula pode deixar a escolha do Supremo para 2024. Em um café com jornalistas, na sexta-feira passada (27), porém, o presidente disse que faria a indicação para a Corte ainda neste ano.
No mesmo encontro, Lula levantou dúvidas sobre a escolha do nome de Dino.
“Eu fico pensando, onde o Flávio Dino será mais justo e melhor para o Brasil? Na Suprema Corte ou no Ministério da Justiça? Aí tem outra questão que eu fico pensando, onde ele será mais justo?”, disse o petista.
A preocupação de Lula surge após a reprovação, pelo Senado, do nome de Igor Roque para comandar a Defensoria Pública da União.
O entendimento do presidente é que o Senado se encontra em um momento de “mau humor” em relação ao governo, e, por isso, é preciso cautela nas indicações.
O presidente deseja evitar um novo desgaste no Senado, já que a reprovação de uma indicação ao Supremo teria um impacto político significativamente maior do que a de um cargo na Defensoria Pública.
Outro fator que pesa na decisão de Lula é o cenário de violência pública que tem se manifestado de maneira intensa no Rio de Janeiro e na Bahia.
O presidente teme que a nomeação de Dino possa afetar sua narrativa política. O governador do Maranhão é elogiado por seu traquejo político e habilidade no debate público em questões relacionadas à segurança.
O senador Davi Alcolumbre (União-AP) também enviou recados de que, como presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), demoraria a pautar a indicação de Dino.
Em um encontro casual, em setembro, o ministro da Justiça disse a Alcolumbre para não lhe “querer mal”. O senador respondeu que o problema de Dino não seria ele. “É o PT”, respondeu Alcolumbre, referindo-se à resistência que o ministro enfrenta em uma ala do partido de Lula.