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Ministros próximos do presidente Michel Temer reconheceram que o Planalto demorou para perceber a gravidade da insatisfação dos caminhoneiros e do setor de transportes

A avaliação interna é que o avanço das investigações na Lava-Jato contra Temer e a dificuldade para comandar a base aliada no Congresso tiraram do Planalto a energia necessária para cuidar de outros temas. (Foto: Divulgação)

De forma reservada, ministros próximos do presidente Michel Temer reconhecem que a demora na reação do governo para perceber a gravidade da insatisfação dos caminhoneiros e do setor de transportes tem um motivo especial: o governo estava com todo o foco na sobrevivência política diante das investigações da Operação Lava-Jato e o enfraquecimento cada vez maior junto ao Congresso Nacional.

“Já havia sinais dessa insatisfação dos caminhoneiros desde o final do ano passado. Mas o governo não deu a dimensão correta porque estava preocupado com a própria situação do presidente Temer”, reconheceu um auxiliar próximo do presidente para o jornalista do site G1 Gerson Camarotti. A avaliação interna é que o avanço das investigações na Lava-Jato contra Temer e a dificuldade para comandar a base aliada no Congresso tiraram do Planalto a energia necessária para cuidar de outros temas.

Por isso, admitem interlocutores do presidente, as queixas do setor foram minimizadas. Mesmo depois de iniciada a greve, o Palácio do Planalto subestimou o movimento num primeiro momento.

Na terça-feira (22), quando a paralisação da categoria já era intensa em todo o Brasil, o governo estava focado na agenda eleitoral com o pré-lançamento da candidatura do ex-ministro Henrique Meirelles ao Palácio do Planalto. “Se o governo tivesse dimensionado o potencial da greve dos caminhoneiros teria adiado o evento do Meirelles. Mas o foco era outro”, observou essa fonte.

Tanto que o Planalto recebeu de forma positiva – no primeiro momento – a iniciativa do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), de zerar a Cide em troca da reoneração da folha de pagamento de vários setores da economia.

Nas palavras de um assessor, seria transformar um limão em uma limonada. “Esse foi outro grande erro: achar que tão pouco solucionaria uma crise que já era muito maior. Quando o governo acordou, o movimento já tinha outra dimensão”, admitiu esse assessor palaciano, lembrando que os empresários do setor também agiram para mobilizar a paralisação dos caminhoneiros.

Reunião

O presidente Michel Temer e ministros do gabinete de crise, criado para monitorar a paralisação dos caminhoneiros, participam na manhã deste sábado (26) de uma reunião no Palácio do Planalto para avaliar a efetividade das medidas tomadas para liberar as rodovias e reabastecer o país com os produtos retidos nos caminhões. Entre essas medidas está o decreto de GLO (Garantia da Lei e da Ordem), editado na sexta-feira (25) pelo presidente Michel Temer. A reunião começou por volta das 9h20min.

A paralisação dos caminhoneiros chegou neste sábado ao sexto dia. Na última quinta-feira (24), o governo federal anunciou acordo com lideranças de algumas associações da categoria, mas várias estradas continuaram obstruídas, ainda que parcialmente. Devem participar da reunião os ministros Raul Jungmann, da Segurança Pública, Sérgio Etchegoyen, do Gabinete de Segurança Institucional, o general Silva e Luna, da Defesa, e Eliseu Padilha, da Casa Civil.

Após a reunião, os ministros devem divulgar, em entrevista coletiva, um balanço das ações. De acordo com o último balanço feito ontem pelo ministro Raul Jungmann, após o acordo com as lideranças dos caminhoneiros, as interdições diminuíram de 938 para cerca de 500, sendo que em nenhuma das restantes houve interrupção total do trânsito.

 

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