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Ministros veem ofensiva de Lula sobre o Banco Central “acima do tom”

O entendimento deles é de que Lula está agindo "ideologicamente". (Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

Ministros e técnicos do governo avaliam que as duras críticas do presidente Lula ao Banco Central e à autonomia da instituição estão acima do tom e atrapalham o trabalho da equipe econômica.

Integrantes do Executivo querem ver a “briga” de Lula contra o órgão “arrefecer o quanto antes”. “Essa ofensiva está acima do tom e é hora de deixar a equipe econômica trabalhar”, disse um dos ministros da área.

O entendimento deles é de que Lula está agindo “ideologicamente”, mas precisa compreender que o Banco Central não baixou juros em razão de um contexto mais amplo e que a taxa não é calculada somente baseada no consumo. Além disso, avaliam ser função do governo dar os sinais necessários aos agentes econômicos, entre os quais a definição da âncora fiscal e a análise da reforma tributária, segundo informações divulgadas pela GloboNews.

Para os ministros, embora haja divergências quanto ao conteúdo do texto que será analisado no Congresso, a necessidade de uma reforma no sistema tributário é uma unanimidade no mercado.

Na segunda-feira (06), o presidente Lula fez novas críticas ao Banco Central. Ele utilizou a cerimônia de posse de Aloizio Mercadante como presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) para, mais uma vez, elevar o tom contra a política monetária conduzida pelo autoridade monetária.

Na ocasião, o presidente criticou a decisão do Copom (Comitê de Política Monetária) de manter a taxa Selic em 13,75% ao ano.

A decisão já era esperada. Em comunicado, o BC diz considerar que as expectativas de inflação pioraram, principalmente em razão da perspectiva de aumento de gastos públicos neste início de governo.

Na carta, o Copom afirma ser necessário manter a taxa de juros elevada por um “período mais prolongado” para se fazer frente à alta dos preços. “É só ver a carta do Copom para a gente saber que é uma vergonha esse aumento de juros e a explicação que eles deram para a sociedade brasileira”, disse Lula.

Para o petista, a alta taxa de juros impede o desenvolvimento econômico do país.
Não foi a primeira vez que o presidente disparou contra o BC ou a política monetária conduzida pelo economista Roberto Campos Neto, presidente da instituição.

Lula já afirmou que a independência do BC é “bobagem”, e reforçou que Henrique Meirelles teve autonomia em seu governo anterior mesmo antes da lei; a meta de inflação do país, de 3,75%, obriga a “arrochar” a economia brasileira em momento que precisa voltar a crescer; iria esperar “esse cidadão”, em referência a Campos Neto, terminar o mandato para “fazermos uma avaliação do que significou o Banco Central independente”; Campos Neto quer chegar a uma inflação “padrão europeu”, mas que é necessário chegar à inflação “padrão Brasil” e o Brasil tem “cultura” de juros altos.

Economistas avaliam que a redução dos juros, para não piorar a inflação, deve ser acompanhada de melhorias na economia. O governo precisa dar sinais positivos ao mercado e aos investidores – por exemplo, garantindo responsabilidade fiscal e segurança jurídica.

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