O ator americano Gene Hackman, de 95 anos, sua mulher, a pianista Betsy Arakawa, de 63 anos, e um cachorro da família foram encontrados mortos na quinta-feira (27) na casa em que moravam em Sunset Trail, no Novo México.
Elizabeth Jean Hackman, filha do astro, disse ao TMZ que suspeitava de envenenamento por monóxido de carbono como causa da morte, mas uma porta-voz da polícia do Condado de Santa Fé afirmou que não havia indício de vazamentos na propriedade onde o casal vivia. Segundo ela, os dois não estavam machucados e foram encontrados comprimidos espalhados em um balcão. A polícia trabalha com múltiplas hipóteses.
As mortes do ator Gene Hackman e de sua esposa provavelmente aconteceram nove dias antes da polícia encontrar seus corpos. Foi o que disse o xerife Adan Mendoza, do condado de Santa Fe, no Novo México, em uma coletiva de imprensa nessa sexta-feira (28).
A investigação, que continua em andamento, chegou a essa conclusão após analisar dados do marca-passo de Hackman. O último sinal do aparelho é de 17 de fevereiro.
A autópsia preliminar indica que Hackman e Arakawa não sofreram trauma externo. A polícia suspeita de duplo homicídio, suicídio, morte acidental ou causas naturais. Nenhuma hipótese está descartada.
Ao chegar ao local, a polícia encontrou a porta da casa aberta. Betsy foi encontrada no banheiro. Ao seu lado, havia um aquecedor de ambiente e um frasco de comprimidos aberto, com pílulas espalhadas ao redor. Já Gene estava em uma sala separada da residência.
“Um grande ator, magnífico em sua complexidade”, resumiu o amigo e diretor Francis Ford Coppola diante da notícia. “Lamento a sua perda e celebro a sua existência e sua contribuição.” Em mensagem no X, sua companheira em Superman, Valeria Perrine, destacou que “seu trabalho foi lendário”.
Com cerca de seis décadas de carreira em mais de 80 papéis no cinema, Hackman deixa mais dois filhos, além de Elizabeth – Christopher e Leslie, de seu primeiro casamento, com Faye Maltese.
Vencedor de dois Oscars – melhor ator em 1971 por Operação França e melhor coadjuvante em 1992 por Os Imperdoáveis –, ele também se tornou conhecido por seus papéis em produções históricas como Mississippi em Chamas, Bonnie e Clyde e A Conversação. Em 1978, Hackman interpretou a primeira versão de Lex Luthor, o vilão do Super-Homem. Ao lado do ator Christopher Reeve, teve um papel importante em toda uma geração dos i cônicos personagens de Superman. Além disso, destacou-se como colaborador de cineastas de peso – além de Francis Ford Coppola, era grande amigo de Clint Eastwood.
“Acho que decidi ser ator lá pelos 10 anos”, disse certa vez o ator. Antes de se tornar uma das figuras mais versáteis e conhecidas de Hollywood, serviu na Marinha, atuando em missões na China, no Havaí e Japão.
Passou, depois, algum tempo em Nova York e estudou jornalismo e produção de TV na Universidade de Illinois – antes de decidir voltar à Califórnia para retomar o seu sonho de infância de atuar.
Apesar de ser amado pela indústri a cinematográfica, Hackman não fazia a menor questão de se portar como uma celebridade. “Eu fui treinado para ser um ator, não uma estrela. Treinado para desempenhar papéis, não para lidar com a fama, com agentes, com advogados, com a imprensa”, dizia ele. Uma definição comprovada na prática. Recluso, ele evitava aparições públicas e foi sempre claro em seu desdém pelo show business.
Além das duas vitórias no Oscar, foi indicado para em outras três ocasiões – 1967, 1970 e 1988. Também venceu quatro Globos de Ouro, três prêmios Bafta e ainda faturou um Urso de Ouro de melhor ator no Festival de Berlim. A última vez que participou de um evento foi no Globo de Ouro de 2003, em que recebeu o prêmio Cecil B. DeMille por suas “contribuições excepcionais ao mundo do entretenimento”.
Em 2004, estrelou seu último filme – Uma Eleição Muito Atrapalhada. O anúncio de sua aposentadoria só veio a público quatro anos depois, em 2008. “Não dei uma entrevista para anunciar minha aposentadoria, mas, sim, eu não vou mais atuar. Me disseram para não dizer isso, caso surgisse algum papel realmente maravilhoso, mas eu não quero mais fazer isso”, insistiu em entrevista à Reuters. (Estadão Conteúdo)