Segunda-feira, 18 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 26 de março de 2019
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.
O Brasil tem peculiaridades. Uma delas é a existência de torcidas organizadas que se manifestam diante de algumas decisões do Poder Judiciário. Há motivos para isso: 1º) em nenhum outro país registrou-se roubo tão grande de dinheiro, misturando interesses públicos e privados; 2º) a população se sentiu ultrajada pela facilidade com que ocorreram as negociatas.
É preciso acrescentar: órgãos de investigação e de denúncia, como a Polícia Federal e o Ministério Público Federal, demonstrando competência e dedicação, deram a resposta firme em nome da sociedade. Muitos dos réus acabaram condenados e cumprem penas.
Processos recém começam
A prisão de Michel Temer foi consequência de interpretação de um magistrado e a lei admite revisão, como em milhares de outros casos que ocorrem por dia no País. A prisão preventiva rege-se por requisitos que alguns tornam mais rigorosos. O ex-presidente, apontado numa delação, tem muitos outros processos para responder e não vai se livrar de condenação. O bloqueio de 62 milhões e 600 mil reais já é um pré-julgamento.
A tendência é que o rio volte ao leito normal. Com isso, as próximas decisões, envolvendo denunciados e réus da Operação Lava-Jato, não deverão provocar tantos transbordamentos emocionais.
Lentos
O projeto da lei anticrime, elaborado pelo ministro da Justiça, Sérgio Moro, anda devagar. A Câmara dos Deputados alega que precisa dar prioridade à reforma da Previdência. No país de uma população com medo crescente da violência, os parlamentares precisam fazer a proeza de escovar os dentes e assobiar ao mesmo tempo. É treinar, o que demanda algum esforço.
Críticas de quem conhece
Mudanças radicais de paradigmas para um novo sistema tributário foi o tema de seminário promovido ontem pela Sociedade de Engenharia do RS. Paulo Michelucci, ex-secretário estadual da Fazenda e ex-chefe da Casa Civil do Palácio Piratini, fez duas avaliações precisas durante sua manifestação: 1ª) o Brasil é um país que, no orçamento, fixa despesas e estima receita. Não pode dar certo; 2ª) um caminhão sai carregado de soja para chegar ao porto de Rio Grande e passa por trechos não pedagiados. O Estado não pode cobrar um centavo de impostos para recuperar o asfalto, porque o produto será exportado e a Lei Kandir impede.
Não cuidam do dinheiro alheio
A Câmara dos Deputados realizou ontem sessão em homenagem ao Dia Internacional do Direito à Verdade. Os contribuintes de impostos gostariam que garantir o direito à verdade em relação ao seu orçamento anual de 6 bilhões e 113 milhões de reais. Perguntas que devem ser respondidas: é necessário tanto dinheiro? Quais os desperdícios? Existe a possibilidade de cortes? Economia é uma palavra com algum sentido entre os parlamentares?
Fronteira definida
O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou ontem, durante evento da Frente Nacional de Prefeitos, em Brasília, que “a reforma da Previdência não foi apresentada por acaso” e que “o Estado brasileiro está quebrado”. Eis um ponto inicial para amplo debate. Respostas dos contrariados devem aparecer hoje. Caso silenciem, concordarão.
Irresponsáveis
Ontem, ao se completarem dois meses da tragédia de Brumadinho, relatório da Fundação SOS Mata Atlântica apontou contaminação do rio São Francisco. O rompimento da barragem continua impune.
Fotografia do momento
No 85º dia dos governos, seguem o desfile de ambições e as briguinhas de bastidores, que levam a nada.
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
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