Mais uma vez o clima pode ser decisivo para a safra de grãos no país. As previsões meteorológicas indicam que depois do El Niño, que trouxe incidência de chuvas acima da média no período 2015/2016 e prejudicou lavouras no Sul do Brasil, o próximo ano agrícola deverá sofrer a influência do fenômeno La Niña, que provoca chuvas abaixo da média. Basta lembrar que em 2012, último ano com este prognóstico, no Rio Grande do Sul, por exemplo, a estiagem dizimou lavouras de soja e milho, causando quebra de 43% na colheita de grãos.
Diante deste cenário, o seguro rural surge como ferramenta fundamental para amenizar os problemas causados pelo clima. Enquanto em 2011 a área assegurada era de 4,48 milhões de hectares no país, de acordo com dados do Atlas do Seguro Rural, do Ministério da Agricultura, em 2014 este número chegou a 9,91 milhões de hectares. No Rio Grande do Sul, no mesmo período, a área coberta passou de 897 mil para 2,13 milhões de hectares.
Estes números revelam que há um crescimento do setor no país, mas ainda longe do ideal. Enquanto nos Estados Unidos mais de 90% da área rural está coberta pelo seguro rural, no Brasil este índice é de apenas 14%. “O produtor precisa contratar o seguro para se proteger de problemas que possam acontecer nas lavouras, mas não apenas nos períodos de El Niño ou La Niña”, explica o diretor da Tovese Corretora de Seguros, Otavio Simch.
O especialista lembra que o produtor deve ter atenção na hora da contratação do seguro e buscar empresas com tradição no mercado local. Uma das opções é o seguro por talhão, que apresenta melhor retorno do que o realizado por média da propriedade. O custo entre as duas modalidades é quase o mesmo, mas enquanto a primeira opção considera apenas a parcela da propriedade atingida, a segunda faz uma média geral da área contratada.
Por exemplo, no modelo por talhão, em uma área de 100 hectares de soja dividida em quatro talhões e com produtividade garantida de 39 sacas por hectare, onde apenas uma parte foi atingida e teve produtividade menor do que o contratado (26,9 sacas por hectare), o valor ressarcido seria de R$ 31,46 mil pela perda. Já no modelo por média de produtividade, que é utilizado pelo Proagro, nas mesmas condições, é feita a média de toda a área e este valor ressarcido ficaria em R$ 1,56 mil. “O produtor precisa olhar o seguro como investimento, assim como qualquer tratamento cultural ou de assistência técnica. O produtor precisa ver o que vai receber lá na frente na hora de ter algum sinistro”, observa Simch.