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Por Redação O Sul | 17 de março de 2019
O Ministério Público de Milão abriu um inquérito para apurar as circunstâncias da morte de Imane Fadil, modelo marroquina de 34 anos que foi uma testemunha-chave da acusação nas investigações do caso conhecido como “Bunga Bunga”, como foram chamadas as festas com prostitutas nas mansões do ex-primeiro-ministro da Itália Silvio Berlusconi.
Imane faleceu no último dia 1º de março, no hospital Humanitas, de Rozzano, onde estava internada desde janeiro, mas a morte só foi divulgada na sexta-feira (15). Segundo o procurador Francesco Greco, a marroquina havia dito a advogados e parentes que temia ser envenenada. Imane sentiu um mal-estar em janeiro passado, na casa de um amigo onde vivia, e foi internada no Humanitas. De acordo com Greco, ela apresentava sintomas típicos de envenenamento, como dor de barriga e no ventre e inchaço.
O hospital não fez nenhum comunicado à Justiça do estado de saúde da marroquina, inclusive no dia de sua morte. A Justiça já determinou a realização de uma autópsia e de exames de sangue no corpo da model, além da apreensão de objetos pessoais e documentos escritos.
A hipótese do Ministério Público de Milão é de homicídio doloso, mas ainda não há nenhum suspeito investigado. Lele Mora, ex-agenciador de garotas de programa para as festas de Berlusconi, admitiu que levara Imane para um jantar em Arcore, cidade onde fica a residência principal do ex-premier, mas descartou que os dois tenham mantido relações.
“Acho que ela foi só uma vez, e não acho que tenha ficado sozinha um segundo sequer com Berlusconi”, disse Mora, que chamou a marroquina de uma “pobre garota” e “verdadeiramente insignificante”. O hospital alega que fez “todas as intervenções clínicas possíveis” para salvar a paciente. Exames toxicológicos realizados pelo Humanitas e obtidos por uma agência de notícias constataram um “mix de substâncias radioativas” em seu organismo.
A marroquina era testemunha de acusação em um dos processos do inquérito que investiga Berlusconi por corrupção em atos judiciários. De acordo com o Ministério Público, o ex-primeiro-ministro desembolsou milhões de euros para comprar o silêncio de garotas de programa no processo “Ruby”, no qual acabou absolvido das acusações de prostituição de menores e abuso de poder.
O nome “Ruby” se refere a Karima el Mahroug, ítalo-marroquina pivô do escândalo sexual envolvendo Berlusconi. Em janeiro passado, no entanto, Imane foi excluída do processo Ruby a pedido da defesa do ex-premier.