Segunda-feira, 31 de março de 2025
Por Redação O Sul | 27 de março de 2025
As relações humanas experimentam uma transformação significativa ao longo do tempo, influenciadas por mudanças culturais, morais e sociais. Enquanto a monogamia se mantém como o modelo dominante em muitas sociedades, um número crescente de pessoas explora alternativas, como relações abertas e poliamor, gerando um debate sobre qual tipo de relação oferece maiores benefícios emocionais e sexuais.
Um estudo realizado por especialistas do Centro Australiano de Pesquisa em Saúde Sexual e Sociedade, da Universidade La Trobe, analisou mais de 35 estudos com quase 25 mil pessoas de diferentes países, incluindo Estados Unidos, Canadá, Austrália e vários países da Europa.
A pesquisa, publicada no ‘The Journal of Sex Research’, conclui que não existem diferenças significativas nos níveis de satisfação e felicidade entre aqueles que participam de relações monogâmicas e aqueles que optam por estruturas não monogâmicas, como relações abertas ou poliamor.
Segundo o autor principal, o professor Joel Anderson, “nossas descobertas desafiam essa suposição de longa data fora do âmbito acadêmico e fornecem mais evidências de que pessoas em relações consensuais não monogâmicas experimentam níveis semelhantes de satisfação em suas relações e vidas sexuais em comparação com pessoas em relações monogâmicas”.
Frequentemente se assume que as relações monogâmicas oferecem maiores níveis de satisfação, intimidade e confiança. Essa percepção, muitas vezes reforçada pelos meios de comunicação e estereótipos sociais, é conhecida como o “mito da superioridade da monogamia”. No entanto, o estudo revela que pessoas em relações não monogâmicas desfrutam de níveis comparáveis de satisfação romântica e sexual.
Nas palavras do professor Anderson, “a crença generalizada de que as relações monogâmicas são inerentemente superiores para promover relações satisfatórias é uma suposição errônea que é reforçada por narrativas midiáticas”.
A influência da infidelidade
Um dos aspectos mais interessantes da pesquisa é a relação entre a satisfação nas relações e a infidelidade. Para muitas pessoas em relações monogâmicas, a infidelidade pode ser uma causa de ruptura, afetando geralmente a confiança e a estabilidade emocional.
Em contraste, as relações não monogâmicas costumam se basear em acordos explícitos, minimizando o impacto da infidelidade na relação. “Pessoas em relações não monogâmicas geralmente têm acordos com seus parceiros, o que significa que a infidelidade não é um fator relevante em suas relações”, explica Anderson.
Apesar de os estudos mostrarem resultados comparáveis em termos de satisfação, as pessoas que optam por relações não monogâmicas enfrentam preconceitos e estigmas sociais. Segundo os pesquisadores, as relações não monogâmicas muitas vezes são vistas como fora do comum e são alvo de escrutínio e discriminação, o que pode dificultar o acesso a serviços médicos ou o reconhecimento legal.
“O que vemos é que essas relações não monogâmicas têm ótimos relacionamentos e sexo, apesar de suas relações serem objeto de escrutínio na maioria das sociedades e de experimentarem um tratamento diferencial ou até mesmo preconceituoso devido às suas estruturas relacionais”, aponta Anderson. O estudo conclui que não há diferenças significativas entre as relações monogâmicas e não monogâmicas em relação à satisfação emocional e sexual. As informações são do jornal O Globo.