Domingo, 22 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 7 de maio de 2024
No Rio Grande do Sul, as cidades de Pelotas e Rio Grande, as duas maiores do Sul do Estado, começaram a evacuar as áreas de maior risco. A movimentação ocorreu após um alerta de grave inundação emitido pela Defesa Civil do Estado no final de semana.
O alerta foi feito diante da elevação dos níveis da Lagoa dos Patos, que banham a região. A cheia é consequência das chuvas intensas na região dos vales dos rios Taquari, Caí, Pardo, Jacuí, Sinos, Gravataí, além do Lago Guaíba.
“Nós teremos muita água descendo da região metropolitana, arredores e do meio do Estado, tendo em vista que dois terços da água do Rio Grande do Sul caem na Lagoa dos Patos e ela só tem um local para passar, que é a Boca da Barra, não tem outro local para chegar no mar”, declarou o coordenador da Defesa Civil da cidade de Rio Grande, Anderson Montiel.
O climatologista Francisco Aquino, professor do Departamento de Geografia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), explica que o fluxo de água hoje concentrado no Lago Guaíba deve “ser empurrado” com mais velocidade quando o campo de vento virar para o Sul.
“Isso favoreceria o escoamento, aliviando a área em Porto Alegre, mas seria o caos para as cidades da costa doce”, diz Aquino.
Segundo o boletim divulgado pela prefeitura de Rio Grande nessa terça-feira (7), o nível da Lagoa dos Patos estava em 139cm – 59cm acima do normal.
Os bairros com risco na cidade são: Ilha dos Marinheiros, Ilha do Leonídeo, Ilha da Torotama, Lagoa, Saco da Mangueira, Barra e todas as regiões ribeirinhas. A prefeitura informou que 272 pessoas tiveram de sair de suas casas.
“Com o acúmulo de chuvas que resultou na elevação dos níveis de água dos rios do estado do Rio Grande do Sul, atualmente, a Prefeitura do Rio Grande, através da Defesa Civil, está trabalhando para atender a população enquanto a vazão de água pela Lagoa dos Patos até o oceano transcorre”, informou a prefeitura.
Em anúncio na manhã dessa terça-feira (7), a prefeita de Pelotas Paula Mascarenhas comunicou a necessidade de evacuação de residências de moradores de possíveis áreas de inundação em Pelotas. De acordo com o estudo realizado por engenheiros e técnicos do Sanep e da UFPel, devem deixar suas casas as populações das localidades Laranjal, incluindo os balneários Valverde e Santo Antônio, Pontal da Barra, Marina Ilha Verde, entorno da rua Comendador Rafael Mazza, Vila da Palha, Charqueadas, Umuharama, Lagos de São Gonçalo, Parque Una, Fátima, Balsa, Navegantes, Quadrado, Doquinhas, final da rua General Osório e início do Simões Lopes, próximo à saída para Rio Grande.
“Estamos trabalhando desde a segunda-feira (6) com especialistas para identificar as previsões e projeções. Não temos como afirmar, com absoluta certeza, o que vai acontecer, mas temos que seguir o princípio da precaução. A previsão é que essa enchente repita a projeção de 1941, com um pouco mais de gravidade. É importante dizer também que, na época, não tínhamos nenhum sistema contra cheias, mas estamos trabalhando como se não houvesse essa contenção”, afirmou.
Paula destacou as condições favoráveis do vento e a trégua momentânea das chuvas, o que possibilita o intervalo de, aproximadamente, 24 horas para os trabalhos de evacuação das possíveis áreas afetadas.
“Estamos vendo as águas subirem, mas com lentidão. Não vamos deixar de usar esse tempo que a natureza nos deu. Precisamos aproveitar esse momento para agir, com calma e tranquilidade, dentro do possível. Estamos pedindo que as pessoas dessas regiões deixem suas casas, para casas de familiares e amigos ou para os abrigos do Município”, completou.