Segunda-feira, 23 de dezembro de 2024
Por Cláudio Humberto | 30 de abril de 2020
Se fosse observada a estrita interpretação da “impessoalidade” exigida pelo ministro Alexandre de Moraes do presidente Jair Bolsonaro, para nomeação do diretor da Polícia Federal, talvez ele próprio não estivesse no Supremo Tribunal Federal (STF). Moraes chegou ao STF por ser auxiliar de confiança e amigo do ex-presidente Michel Temer, além do seu notório saber jurídico. A rigor, é difícil ser entronizado no STF sem elos de amizade, parentesco ou afinidade política com quem o nomeou.
É preciso ter provas
Moraes foi alvo de suposições injustas de que seu papel seria blindar Temer. Agora, baseado em suposições, anula ato do chefe do Executivo.
Signo da desconfiança
Atual presidente do STF, Dias Toffoli foi advogado do PT e auxiliar de confiança de Lula, que o nomeou. Mas nunca os favoreceu.
A toga é sagrada
Lula nomeou para o STF um antigo militante do PT, Carlos Ayres Britto, mas o sergipano o desapontou: nunca usou a toga para mostrar gratidão.
Ora, a impessoalidade
Na história do STF há inúmeros casos de nomeação de ministros em que o princípio da “impessoalidade” foi solenemente ignorado.
Até Ramagem pede para Bolsonaro desistir dele
Ministros e amigos tentam convencer o presidente Jair Bolsonaro a desistir da indicação de Alexandre Ramagem para a direção-geral da Polícia Federal, suspensa nesta quarta-feira (29) pelo ministro Alexandre Moraes, do STF. Até o próprio Ramagem concorda, mas Bolsonaro insiste na escolha, recorrendo ao STF, até para lavar a imagem do delegado, segundo ele uma pessoa honrada vítima de injustiça brutal, ao ser apontado como alguém suscetível a cometer irregularidades.
Três opções
Bolsonaro terá sobre sua mesa, na manhã desta quinta-feira (30), ao menos três opções de delegados para a direção-geral da PF.
Carne às feras
A avaliação de alguns ministros, incluindo Jorge Oliveira (Secretaria-Geral), acham que insistir em Ramagem só vai alimentar o assunto.
Risco de derrota
Além do desgaste da expectativa do julgamento da questionada liminar de Alexandre Moraes, há o risco de nova derrota do governo no plenário.
Palmas para lealdade
Ao ser citado no discurso de André Mendonça, novo ministro da Justiça, o secretário-geral da Presidência, Jorge Oliveira, foi demoradamente aplaudido. É que, como esta coluna revelou, já escolhido para o lugar de Sergio Moro, ele convenceu o presidente que não era a melhor opção.
Direito de ir e vir
O novo ministro André Mendonça citou o “direito de ir e vir” na posse, e “o povo em primeiro lugar”, em alusão a uma das diferenças entre Moro e Bolsonaro: prisões de quem está nas ruas no período de isolamento.
Mr. Simpatia
O ministro André Mendonça (Justiça) procurou demonstrar que, além de evangélico é “terrivelmente” simpático. Saudou o presidente como o homem que manda no Brasil e a primeira-dama como a pessoa que manda nele. Ele nem é militar, mas até prestou continência ao capitão.
Nome bem recebido
André Mendonça no Ministério da Justiça pegou bem entre tribunais superiores. Sua posse foi prestigiada pelo próprio presidente do STF, Dias Toffoli, e o ministro Gilmar Mendes, para além do presidente do Superior Tribunal de Justiça, ministro João Otavio de Noronha.
Não dá cliques
Enquanto o número de casos de coronavírus no Brasil chegam a 80 mil, a dengue superou 600 mil, sem qualquer alarde. No ano passado, não houve crise na saúde com mais de 2,2 milhões de casos.
Brasil acima da média
Os números não dão razão às críticas contra a estratégia do Brasil para enfrentar a Covid-19. Dos 39.598 casos encerrados no país, segundo o site Worldometer, 86% foram de cura, acima da média mundial de 81%.
Excelente notícia
O total de pessoas que venceram o coronavírus ultrapassou a marca de 1 milhão, nesta quarta. Apesar de muito mais importante, não houve a mesma repercussão de quando se tratava do número de infectados.
EPIs exclusivos
O Sindicato dos Policiais Civis do Distrito Federal começou a distribuir, na terça (28), máscaras de proteção individual para os policiais civis… mas só os filiados ao sindicato. Tem até logomarca na máscara.
Pensando bem…
…se o princípio da impessoalidade fosse aplicado, de fato, nos três Poderes, o desemprego seria inchado por milhares de aspones.
PODER SEM PUDOR
Latinha na cabeça
Quando foi secretário de Educação do governador de São Paulo Geraldo Alckmin, Gabriel Chalita teve certa vez uma excelente oportunidade de ficar calado. Mas não ficou. Para dar uma mãozinha ao então ministro Paulo Renato (Educação), que bateu boca com a prefeita Marta Suplicy, Chalita a atacou por manter cinquenta “escolas de latinha”, em calorentas instalações de metal. Um assessor o cutucou, na frente de jornalistas: “O governo do Estado tem 200 escolas como essa, secretário.” Chalita engoliu seco e mudou de assunto.
Com André Brito e Tiago Vasconcelos
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