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Política Morfina só provoca confusão mental em doses altíssimas e seria contraindicada a Bolsonaro

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PF sugere que seja aberta uma nova investigação sobre o tema. (Foto: Reprodução de TV)

A alegação da defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro de que postou sem querer, sob efeito de morfina, um vídeo em que contesta o sistema eleitoral, dois dias após os atos extremistas de 8 de janeiro, causou estranhamento entre especialistas.

Isso porque a morfina é um medicamento que causa uma diminuição na motilidade gastrointestinal, ou seja, é usada contra diarreia e teria potencial de agravar o quadro de obstrução intestinal de Bolsonaro. Além disso, ela não seria justificativa para um quadro de confusão metal, a não ser em doses muito elevadas.

De acordo com o advogado Paulo Cunha Bueno, que acompanhou o ex-presidente no depoimento, quando fez a postagem, Bolsonaro estava sob efeito de morfina, usada por causa de uma “crise de obstrução intestinal”:

“Ele teve uma crise de obstrução intestinal, foi submetido a tratamento com morfina, foi hospitalizado e só recebeu alta na tarde do dia 10. Esta postagem foi feita de forma equivocada. Tanto que pouco depois, duas ou três horas depois, ele foi advertido e imediatamente retirou a postagem.”

Para a professora de farmacologia e ex-reitora da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Soraya Smaili, a alegação é “estranha”.

“É uma argumentação ruim porque a morfina causa mais constipação, ao provocar uma diminuição na motilidade gastrointestinal. É muito estranho”, explica.

“Os opiáceos continuam sendo agentes eficazes para causar constipação ou tratar a diarreia”, diz o livro “Goodman & Gilman, as bases farmacológicas da terapêutica”, conhecido como a “Bíblia da farmacologia”.

Mesmo que tenha sido essa a opção médica, ela não justificaria um quadro de falta de discernimento:

“Em relação ao sistema nervoso central, a morfina causa principalmente sonolência, uma certa depressão… Agora, confusão mental, só numa concentração muito alta”, afirma Smaili.

O principal uso terapêutico da morfina é a dor, também sendo utilizada para sedação e indução ao sono. Em alguns casos específicos, a droga e seus derivados podem servir para tratar tosse, dispneia (falta de ar) e diarreia — graças aos efeitos constipantes.

Entorno

A justificativa usava por Jair Bolsonaro no depoimento à Polícia Federal (PF) para explicar a publicação de um post em seu perfil pessoal do Facebook recebeu críticas até mesmo do seu entorno político. A tese da defesa de Bolsonaro também é rechaçada por juristas.

Para aliados próximos, o ex-presidente, que enquanto estava no poder tinha ao menos quatro assessores cuidando de suas redes sociais, poderia ter apontado um responsável pela publicação e explicado que, ao perceber o conteúdo inoportuno, apagou em seguida.

Mas Bolsonaro sustentou a versão de que se confundiu após a dosagem de morfina que havia tomado no tratamento de desobstrução intestinal nos EUA e publicou sem nem mesmo assistir à íntegra de um vídeo em que acusava, sem provas, a realização de uma fraude nas eleições de 2022.

Ocorre que no próprio documento fornecido por Bolsonaro à PF mostra a dosagem da morfina aplicada: 2mg, que, para especialistas, não seria suficiente para a trapalhada.

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