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Moro, FHC, Lula

No Brasil, o neoliberalismo foi a marca dos governos de Fernando Henrique Cardoso. (Foto: Miguel Ângelo/CNI)

O ex-juiz Sérgio Moro é uma estrela cadente. Claro, com o prestígio que acumulou nos seus anos de ouro do juizado de Curitiba, ainda é chamado para uma entrevista aqui e ali. Mas que perdeu o brilho não tem dúvida. Foi um erro talvez irreversível ter acreditado em Bolsonaro e ter aceitado o convite para o Ministério da Justiça.

Atualmente Moro leciona em duas faculdades de segunda linha e escreve e assina artigos na revista Crusoé, do site O Antagonista. Não sei como ele se sai de professor. Mas cada artigo seu – assim como os de outro colaborador da revista, Carlos Fernando dos Santos Lima, ex-número 2 da Força-Tarefa da Operação Lava Jato – é uma sucessão de abobrinhas: estilo vulgar e conteúdo pobre. É sempre a mesma ladainha contra a corrupção – a toada de uma nota só de que ele, Lima e Deltan Dallagnol são os mais notórios especialistas.

É pouco, muito pouco, para quem tem pretensões – alguém duvida disso? – de disputar a eleição presidencial em 2022. Você pode resolver o problema da corrupção do Brasil, botar todos os corruptos na cadeia, não roubar e não deixar roubar, mas as demandas nacionais, as necessidades do país são infinitamente mais complexas. Destas, Moro não sabe nada ou está escondendo o jogo.

O procurador Deltan Dallagnol já teve dias melhores. Lá atrás, em certo comentário, afirmou que o “nosso sistema prescricional é uma máquina de impunidade”. Mas agora, sendo representado junto ao Conselho Nacional do Ministério Público, por suposta influência nas eleições de presidente do Senado em 2019, qual foi uma das bases de sua defesa? Ele alegou a prescrição. Como acontece tantas vezes na vida, pimenta nos olhos dos outros é colírio.

Em outro canto da política, Fernando Henrique Cardoso assume que a reeleição foi um erro – o maior dos que ele cometeu. Propor (ou aceitar a proposição, o que vem a dar no mesmo) a reeleição para si mesmo, ocupando a Presidência da República, com toda a sua autoridade e poder, não foi um ato republicano. Não é atitude de que possa se orgulhar. A autocrítica veio tarde demais. O estrago já foi feito e ainda não terminou.

Li com atenção o pronunciamento do dia da Independência do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Não há uma única palavra de autocrítica – os governos do PT não cometeram erros. Ele, o partido, as suas concepções de mundo foram derrotados pelo ódio e insensibilidade das elites. Não são culpados: são vítimas daqueles que nunca aceitaram um operário na presidência, e menos ainda governos comprometidos com os pobres e os excluídos.

Recaiu na manjada gabolice de que os governos do PT tiraram da situação de miséria 40 milhões de brasileiros. Mas omitiu o fato de que a esmagadora maioria dos redimidos retornou ao mesmo lugar de antes, no bojo da convulsão recessiva de 2015/2016, a queda de 7% do PIB nos dois últimos anos do governo de Dilma Rousseff.

Não há, na longa dissertação, nada que possa agregar na luta da oposição, nenhuma proposição nova ou um aceno de unidade nacional contra o furacão Bolsonaro. É mais do mesmo, porém envelhecido. É discurso de quem não aprendeu nada nem esqueceu nada.

titoguarniere@hotmail.com

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