Quarta-feira, 25 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 9 de fevereiro de 2022
Betty Davis, cantora pioneira do funk norte-americano, morreu nesta quarta-feira (9), aos 77 anos, de causas naturais. A informação foi confirmada à revista Rolling Stone pela etnomusicóloga Danielle Maggio, amiga e pesquisadora da obra de Davis.
Quase todo o catálogo musical de Betty Davis foi gravado entre 1964 e 1975, mas seu impacto se manteve por décadas. Davis foi primeiro modelo até começar na música, ainda com seu nome de solteira, Betty Mabry, em 1964, com o single “Het Ready for Betty”.
Figura influente na cena musical nova-iorquina no final dos anos 60, ela se casou com o trompetista Miles Davis em 1968 e adotou o sobrenome do gênio do jazz. No ano seguinte, ela estampou a capa do álbum Filles de Kilimanjaro, do qual foi a inspiração para a faixa “Mademoiselle Mabry”. O casamento durou apenas um ano, mas foi Betty quem apresentou Miles ao rock, levando o trompetista ao fusion, com os discos In a Silent way, de 1969, e Bitches Brew, de 1970.
Durante o relacionamento, Betty gravou com Miles, mas seu primeiro álbum solo, Betty Davis, só foi lançado em 1973. Outros discos vieram em seguida: They Say I’m Different (1974) e Nasty Gal (1975). Sua atitude libertária abriu caminho para artistas como Prince e Madonna, astros do pop na década seguinte.
Depois de lançar três álbuns e passar um ano com monges no Japão, Betty Davis decidiu abandonar a música, mudou-se para Pittsburgh, onde viveu por 40 anos sem nunca mais voltar ao show business.
Mesmo sem ter voltado a gravar ou fazer shows, Davis continuou inspirando outros artistas, incluindo as cantoras e Janelle Monae. O interesse das novas gerações pela cantora fez com que seus álbuns fossem relançados, aléErykah Badum do lançamento de um quarto álbum, com inéditas.
Em 2017, a cantora foi tema do documentário “Betty: they say I’m Diffferent, dirigido pelo ex-correspondente de guerra Phil Cox. Em entrevista ao GLOBO, na época, ele afirmou que “Betty era uma mulher que expressava uma energia sexual como nenhuma outra mulher ou homem”.
“E por isso foi relegada ao ostracismo, ela não podia ser rotulada”, acredita o diretor, que diz ter recebido negativas de pessoas que conheceram bem a cantora, como os guitarristas ingleses Eric Clapton e John McLaughlin, em dar depoimentos. “Clapton e Betty namoraram e ele queria produzir um disco dela, mas ela disse que ele era muito careta para isso.”