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Morre Dercy Furtado, a primeira mulher eleita vereadora em Porto Alegre

Primeira vereadora eleita em Porto Alegre e ex-deputada estadual, Dercy Furtado – mãe do cineasta Jorge Furtado – morreu na madrugada desse domingo (21), aos 96 anos, em sua casa na Capital.

“Minha mãe, Dercy Furtado, faleceu esta madrugada, em sua casa, em Porto Alegre. Morreu aos 96 anos, deixando 6 filhos, 14 netos, 11 bisnetos, muitos amigos”, escreveu o cineasta nas redes sociais.

“Dercy viveu 96 anos e não veio ao mundo a passeio. Deixa uma história de vida muito bonita e muita saudade”, prosseguiu Jorge Furtado. O velório foi realizado durante a tarde no Cemitério Jardim da Paz.

Dercy Terezinha Vieira Furtado nasceu em Gravataí em 22 de setembro de 1927. Filha de Melíbio Fernandes Vieira e de Etelvina Silveira Vieira, trabalhou na roça até os 12 anos e, aos 14, já em Porto Alegre, deixou de estudar, em função das dificuldades financeiras, para trabalhar como operária do Laboratório Geyer. Mais tarde, retomou os estudos e conheceu Jorge Alberto Furtado, seu professor de português, que se tornou seu marido e incentivador. Formou-se professora.

Em 1972, concorreu pela primeira vez a uma vaga no Legislativo da Capital, sendo a vereadora mais votada da Aliança Renovadora Nacional – Arena – e a primeira mulher a ser eleita para a titularidade na Câmara de Porto Alegre. Elegeu-se com 10.108 votos para a VII Legislatura, período de 1973 a 1977.

No Legislativo, integrou a Comissão de Serviços Municipais de 1973 a 1974. Afastou-se da vereança em virtude de sua eleição para o cargo de deputada estadual, o qual assumiu em 31 de janeiro de 1975, tendo sido a terceira mulher a ocupar uma cadeira no Parlamento gaúcho, reeleita para outros dois mandatos.

Tanto no Legislativo municipal quanto na Assembleia, foi uma defensora dos direitos das mulheres. Dercy lançou o livro “Cortando as Amarras”, em 1977, no qual reuniu um conjunto de reivindicações para o sexo feminino. A obra foi apresentada no Senado Federal.

Entre as reivindicações, estavam a liberação para a mulher trabalhar à noite, aposentadoria para a dona de casa, criação de casas de estudantes femininas nas universidades e a retirada do Código Civil da prova de virgindade como justificativa para a anulação do casamento.

Dercy tinha 96 anos. (Foto: Josiele Silva/CMPA)

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