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Mundo Luto na literatura: morre Milan Kundera, autor de “A Insustentável Leveza do Ser”

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O escritor vivia em Paris, na França, desde 1975.

Foto: Reprodução/Facebook
O escritor vivia em Paris, na França, desde 1975. (Foto: Reprodução/Facebook)

O escritor tcheco Milan Kundera, uma das grandes vozes da literatura mundial, morreu aos 94 anos em Paris, na França, anunciou sua editora Gallimard e a porta-voz da biblioteca que leva seu nome em sua cidade natal, Brno.

O autor de “Imortalidade” (1988) e “A Insustentável Leveza do Ser” (1984) morreu ao meio-dia de terça-feira, 11 de julho de 2023”, disse a Gallimard em um comunicado.

“Infelizmente, posso confirmar que Milan Kundera faleceu ontem (terça-feira) após uma longa doença”, disse Anna Mrazova, porta-voz da Biblioteca Milan Kundera.

Sarcástico retratista da condição humana, Kundera foi um dos raros autores incluídos na prestigiosa série La Pléiade (em 2011) em vida. O romancista vivia na França desde que emigrou da antiga Tchecoslováquia em 1975, então sob o regime comunista.

Ele perdeu a nacionalidade tcheca depois de cair em desgraça com as autoridades de seu país durante a Primavera de Praga, o movimento reformista de 1968 esmagado pelos exércitos sob o comando soviético. Recuperou a nacionalidade apenas em 2019, embora tenha adotado a nacionalidade francesa em 1981.

Nascido em 1º de abril de 1929 em Brno, a segunda maior cidade tcheca, Kundera escreveu poemas e contos antes de publicar seu romance inovador, “A piada”, em 1967. Mas o romance que o estabeleceu internacionalmente foi “A Insustentável Leveza do Ser”, um retrato sarcástico da condição humana e um dos romances mais influentes do mundo.

Com nacionalidade tcheca, publicou dois romances, “A piada” e “O livro dos amores ridículos”, de 1969, um conjunto de textos que fazem uma crítica amarga às ilusões políticas da geração do golpe de Praga que, em 1948, permitiu a chegada dos comunistas ao poder.

Depois de obter a nacionalidade francesa, publicou vários livros em francês. Em sua obra “A Arte do Romance” (1986), Kundera afirmou que a vida “é uma armadilha que sempre conhecemos: nascemos sem ter pedido para ser, trancados em um corpo que nunca escolhemos e destinados a morrer”.

O autor é elogiado por retratar temas e personagens que flutuam entre a vida cotidiana e o mundo das ideias. Traduzido para mais de 20 idiomas, Kundera ganhou vários prêmios literários, incluindo o Prix Europa-Litterature pelo conjunto de sua obra.

Ele foi indicado várias vezes para o Nobel de Literatura, mas nunca ganhou. Ao receber o Prêmio Jerusalém, em 1985, Kundera disse: “Agrada-me pensar que a arte do romance veio ao mundo como o eco do riso de Deus”.

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