Segunda-feira, 23 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 9 de maio de 2023
A cantora foi diagnosticada com câncer de pulmão em 2021
Foto: Reprodução de TVRita Lee, uma das maiores cantoras e compositoras da história da música brasileira, morreu na noite de segunda-feira (8), aos 75 anos, em São Paulo. Ela foi diagnosticada com câncer de pulmão em 2021 e vinha fazendo tratamentos contra a doença.
A família da cantora divulgou um comunicado nas redes sociais da artista na manhã desta terça-feira (9): “Comunicamos o falecimento de Rita Lee, em sua residência, em São Paulo, capital, no final da noite de ontem [segunda], cercada de todo o amor de sua família, como sempre desejou”.
O velório será aberto ao público no Planetário do Parque Ibirapuera, em São Paulo, nesta quarta-feira (10), das 10h às 17h. Conforme a família, o corpo vai ser cremado.
Rita ajudou a incorporar a revolução do rock à explosão criativa do tropicalismo, formou a banda brasileira de rock mais cultuada no mundo, os Mutantes, e criou canções na carreira solo com enorme apelo popular sem perder a liberdade e a irreverência.
Rita foi referência de criatividade e independência feminina durante os quase 60 anos de carreira. O título de rainha do rock brasileiro veio quase naturalmente, mas ela achava “cafona”, preferia ser chamada de “padroeira da liberdade”.
Rita Lee Jones nasceu em São Paulo, em 31 de dezembro de 1947. O seu pai, Charles Jones, era dentista e filho de imigrantes dos EUA. A mãe, a italiana Romilda Padula, era pianista e incentivou a filha a estudar o instrumento e a cantar com as irmãs.
Aos 16 anos, Rita integrou um trio vocal feminino, as Teenage Singers, e fez apresentações amadoras em festas de escolas. O cantor e produtor Tony Campello descobriu as cantoras e as chamou para participar de gravações como backing vocals.
Em 1964, Rita entrou em um grupo de rock chamado Six Sided Rockers, que, depois de algumas mudanças de formações e de nomes, deu origem aos Mutantes em 1966. O grupo foi formado inicialmente por Rita Lee, Arnaldo Baptista e Sérgio Dias.
Eles foram fundamentais no tropicalismo, ao unir a psicodelia aos ritmos locais, e idolatrados por Kurt Cobain, David Byrne, Jack White, Beck, entre outros.
Rita fez parte dos Mutantes no período mais relevante e criativo da banda, de 1966 a 1972. Gravou “Os Mutantes” (68), “Mutantes” (69), “A Divina Comédia ou Ando Meio Desligado” (70), “Jardim Elétrico” (71) e “Mutantes e Seus Cometas no País dos Bauretz” (72).
O fim do relacionamento com Arnaldo Baptista coincidiu com a saída dela do grupo. O primeiro álbum solo foi “Build up”, ainda antes de deixar a banda, em 1970. Ela também lançou “Hoje é o Primeiro Dia do Resto da Sua Vida”, em 1972, ainda gravado com a banda.
A carreira pós-Mutantes tomou forma com o grupo Tutti Frutti, no qual ela gravou cinco álbuns, com destaque para “Fruto Proibido”, de 1975, que tinha a música “Agora Só Falta Você”.
A partir de 1979, Rita começou a trabalhar em parceria com o marido Roberto de Carvalho e se firmou de vez na carreira solo. Ela escreveu e gravou canções de pop rock com grande sucesso.
Um dos álbuns mais bem sucedidos foi “Rita Lee”, de 1979, com “Mania de Você”, “Chega Mais” e “Doce Vampiro”. No disco de mesmo título do ano seguinte, ela segue na direção mais pop e faz ainda mais sucesso com “Lança Perfume” e “Baila Comigo”.
Rita era uma roqueira popular antes e depois de o gênero se tornar um fenômeno comercial no Brasil em meados dos anos 1980. Entre os álbuns de destaque, estiveram “Saúde” (1981) e “Rita e Roberto” (1985).
Em 2001, Rita ganhou o Grammy Latino de Melhor Álbum de Rock em Língua Portuguesa, com “3001”. Ela ainda teria mais cinco indicações e receberia, em 2022, o prêmio de Excelência Musical pelo conjunto da obra.