Quinta-feira, 09 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 2 de abril de 2023
O compositor e pianista japonês Ryuichi Sakamoto, vencedor do Oscar de 1988 com a trilha sonora original do filme “O Último Imperador”, de Bernardo Bertolucci, morreu na última terça-feira (28) aos 71 anos, conforme publicação nas suas redes sociais. Ele sofria de câncer em estágio avançado e já não conseguia tocar o instrumento por longos períodos.
Em dezembro de 2022, o músico já havia afirmado não ter mais energia para apresentações ao vivo. Decidiu, então, gravar peças musicais — tema a tema — durante uma semana e transmitir o material em forma de “live”. Posteriormente, a filmagem foi editada e lançada nos cinemas.
“Esta talvez seja a última vez que vocês me veem tocar desta maneira”, escreveu na ocasião O concerto foi gravado no estúdio 509, da rede de televisão NHK, espaço célebre da música japonesa na capital nipônica Tóquio.
Uma outra publicação em suas redes sociais, no entanto, destacou em fevereiro deste ano o lançamento de um novo trabalho que estrearia no próximo verão do Hemisfério Norte, com turnê pelos Estados Unidos, Reino Unido e Austrália.
Em 2014 Sakamoto tratou um câncer na garganta e em 2021 anunciou ter recebido, um ano antes, o diagnóstico de um câncer retal. Por meio de um artigo que publicou em junho passado, o artista afirmou que o câncer havia se espalhado e estava em estágio muito avançado, apesar de várias cirurgias às quais se submeteu.
Sakamoto, que descreveu o músico clássico francês Claude Debussy como seu maior herói, estudou etnomusicologia na Universidade Nacional de Belas Artes e Música de Tóquio. Compôs as trilhas sonoras de “Feliz Natal, Sr. Lawrence”, de Nagisa Oshima, “O pequeno Buda”, de Martin Scorsese, e “De Salto Alto”, de Pedro Almodóvar. Com “O Último Imperador”, de Bernardo Bertolucci, ganhou o Oscar de 1988 na categoria “trilha sonora original”.
Além da célebre estatueta, ele está no rol de vencedores do Grammy, Globo de Ouro e Bafta, por seus trabalhos solo ou em grupo. Também era conhecido pelo trabalho com a pioneira banda de música eletrônica Yellow Magic Orchestra (YMO), da qual foi um dos fundadores, em 1978, junto com Haruomi Hosono e Yukihiro Takahashi. O uso inovador de uma vasta gama de instrumentos eletrônicos trouxe sucesso doméstico e global para a banda.
A primeira trilha sonora feita por Sakamoto foi para o filme “Furyo – Em Nome da Honra”, de 1983, no qual ele também interpretou o comandante de um campo de prisioneiros de guerra, ao lado do também músico britânico David Bowie. A trilha venceu o Bafta, prêmio da Academia Britânica de Cinema.
O artista tinha grande admiração pelo Brasil, em especial Tom Jobim. Filha caçula de Tom, Maria Luiza Jobim lamentou na rede social Instagram a morte de Sakamoto.
O artista veio ao País em 1995, quando fez um show com Caetano Veloso de homenagem ao fundador da bossa nova, repetindo a dose depois com Gilberto Gil. Também gravou cordas, contrabaixo e piano canção “Lindeza”, registrada no disco “Circuladô”, de Caetano – antes, em 1991, foi arranjador da versão da cantora Marisa Monte para “Rosa”, de Pixinguinha.
Sakamoto ainda lançou em 2001 o disco “Casa”, feito com o casal de músicos Jaques e Paula Morelenbaum, gravado no antigo lar de Jobim e que celebrava a bossa nova. O álbum acabou na lista de melhores do ano do jornal norte-americano “New York Times”, com imensos elogios da crítica.