Morreu no Hospital de Pronto Socorro (HPS) de Porto Alegre o segundo colombiano em uma briga entre torcedores do Atlético Nacional, horas após a derrota do time para o Inter na Copa Libertadores da América, quinta-feira (10) à noite. O outro compatriota vitimado pelo incidente – no bairro Cidade Baixa – faleceu dentro de um veículo de transporte por aplicativo, quando era conduzido para atendimento. Ambos foram esfaqueados.
A Polícia Civil apura a circunstância e motivação do confronto, ocorrido próximo à esquina da Rua da República com a João Alfredo, um dos pontos de maior movimento boêmio na capital gaúcha. Tudo indica não haver envolvimento de torcedores colorados.
O colombiano cujo óbito se deu por último ainda não teve a sua identidade confirmada. Já o primeiro se chamava Alejandro Lopera Zuluada, 28 anos. Dentre as hipóteses aventadas pelas autoridades está a de os dois estrangeiros estavam cada qual em um dos grupos que se desentenderam.
O que se sabe
A briga entre as facções de torcidas do Atlético Nacional da Colômbia teve o seu momento mais crítico por volta das 3h de sexta-feira (11). Imagens registradas por celulares de moradores e câmeras de videomonitoramento mostram focos de arruaça em diferentes pontos da Rua da República.
Os ataques com desfecho fatal foram cometidos nas imediações de um dos dois bares localizados na esquina com a João Alfredo. Foram utilizadas facas, pedras e sarrafos, dentre outros objetos, pelos integrantes das facções “La Banda Pirata” e “Los Del Sur”.
A Brigada Militar (BM) havia sido informada sobre o deslocamento dos grupos rivais para Porto Alegre, fato que motivou estratégias destinadas a evitar que se encontrassem mas que não conseguiu impedir o contato e, por consequência, o conflito.
No caso de Alejandro, integrantes de seu grupo obrigaram um motorista de transporte por aplicativo a levá-lo para o HPS. Mas o condutor percebeu que a situação era grave e, ainda na Cidade Baixa, parou o veículo em um trecho da avenida Perimetral onde havia soldados da BM. Os policiais constataram o óbito do colombiano no local.
Ainda não há confirmação sobre os autores dos crimes, mas depoimentos indicam a possibilidade de que o primeiro homem tenha sido golpeado pelo segundo, levando os companheiros de sua vítima a perseguir o agressor até o interior de bar. Encurralado, ele também acabou golpeado.
A Polícia analisa imagens e lista de passageiros colombianos que chegaram a Porto Alegre por ônibus ou mesmo avião, na tentativa de identificar suspeitos. Todos provavelmente já estão de volta ao país de origem.
Apreensão de facas
Em outro incidente relacionado à presença de torcedores colombianos para o jogo na cidade, três deles haviam sido detidos ao tentarem entrar no estádio Beira-Rio, quinta à noite, portando facas e canivetes escondidos dentro dos calçados. Um deles, de 28 anos, tem condenação judicial em seu país, pela morte de um adolescente ligado a torcida de time rival, mas o processo ainda tramita na Justiça.
Ele também é fichado pelas autoridades locais como integrante de facção violenta de torcida organizada. Informações preliminares apontam que, devido à sua “ficha-suja”, o indivíduo está proibido de acompanhar partidas em estádios, inclusive fora da Colômbia.
Apesar de toda essa ficha, o trio barrado no estádio colorado apenas assinou termo circunstanciado no plantão do Juizado do Torcedor e foi liberado. Uma das questões a serem elucidadas é a eventual relação entre eles e o confronto que causou as duas mortes.
(Marcello Campos)