Sexta-feira, 27 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 6 de janeiro de 2024
O ex-jogador e ex-técnico Mario Jorge Lobo Zagallo morreu no Rio de Janeiro, na noite desta sexta-feira (5), aos 92 anos. A informação foi divulgada no início da madrugada deste sábado (6) em seu perfil no Instagram.
Zagallo estava com a saúde fragilizada há alguns anos. No dia 26 de dezembro, ele foi internado no Hospital Barra D’Or. A causa da morte foi falência múltipla dos órgãos resultante de progressão de comorbidades previamente existentes.
Único brasileiro campeão mundial como jogador (1958 e 1962) e técnico (1970 e 1994, como integrante da comissão), Zagallo estava aposentado desde 2006, após a Copa da Alemanha, e convivia com inúmeros problemas de saúde. A última internação havia sido em julho do ano passado por causa de uma infecção respiratória.
Na ocasião, ficou internado por quase duas semanas e recebeu alta às vésperas do seu aniversário de 90 anos. Viúvo desde 2012 de Alcina de Castro, Zagallo deixa quatro filhos: Maria Emilia de Castro Zagallo, Paulo Jorge de Castro Zagallo, Mário César Zagallo, Maria Cristina de Castro Zagallo.
“Um pai devotado, avô amoroso, sogro carinhoso, amigo fiel, profissional vitorioso e um grande ser humano. Ídolo gigante. Um patriota que nos deixa um legado de grandes conquistas. Agradecemos a Deus pelo tempo que pudemos conviver com você e pedimos ao Pai que encontremos conforto nas boas lembranças e no grande exemplo que você nos deixa”, diz a nota publicada nas redes sociais.
Trajetória
Ainda menino, o alagoano criado no bairro carioca da Tijuca, e jogador das categorias de base do América, jogou no terreno onde seria construído o então maior estádio do mundo para a Copa da 1950. Já com o Maracanã de pé, viu das arquibancadas, onde fazia a segurança como militar da Polícia do Exército, a traumática vitória do Uruguai sobre o Brasil na final, sendo uma das 200 mil testemunhas do “Maracanazzo”.
Não demorou muito para o estádio fazer parte constante da sua vida. Assim como a Seleção Brasileira. A “Formiguinha”, como era conhecido, teve participação ativa no meio-campo de Flamengo e Botafogo e da Seleção bicampeã do mundo em 1958 e 1962. Já como “Velho Lobo”, comandou títulos inesquecíveis tanto de clubes quanto do Brasil.
A passagem pelo Flamengo, como jogador, não foi tão emblemática. Mas lá estava ele no tricampeonato carioca dos anos 1950. A memória do rubro-negro, no entanto, está viva na final do Carioca de 2001. Enquanto Petkovic fazia o gol de falta que dava mais um tri estadual, Zagallo se agarrava à beira do campo com a imagem de Santo Antônio, de quem é devoto e de onde vem a superstição com o número 13: o dia do santo é 13 de junho.
Já no Alvinegro, fez parte do momento mais glorioso do clube, ao lado de Didi, Garrincha e Nilton Santos. Bicampeão carioca dentro de campo, em 1961 e 1962, e comandante do primeiro título brasileiro do Botafogo, na então chamada Taça Brasil, em 1968. Zagallo também teve passagens por Fluminense e Vasco.
Mas seu nome correu o mundo com a “Amarelinha”. Oito anos depois de testemunhar a derrota do Brasil no Maracanã, lá estava ele na Suécia ao lado de Pelé e dos companheiros Garrincha, Didi e Nilton Santos, comandados por Vicente Feola. Repetiu o feito no Chile em 62.
Tetracampeão
Zagallo se retirou dos gramados e continuou fazendo história à beira do campo. Comandou a Seleção em 1970, no tricampeonato mundial, e, 24 anos depois, como coordenador técnico auxiliou Carlos Alberto Parreira na campanha do tetra. Ali, se tornou o único tetracampeão do mundo: dois títulos como jogador (1958 e 1962) e dois títulos na comissão técnica.
Dois anos após o tetra, Zagallo comandou a Seleção nos Jogos Olímpicos de Atlanta, em 1996. Recheada de craques, como Ronaldo Fenômeno, Bebeto, Roberto Carlos, Rivaldo e Dida, a equipe viu o sonho do ouro olímpico ruir nas semifinais diante da Nigéria. O Brasil vencia por 3 a 1 a 20 minutos do fim do jogo, mas permitiu o empate. Na prorrogação, Kanu fez o golden gol. O time conquistou o bronze ao golear Portugal.
Viveu o drama da derrota para a França, na final de 1998, após ser criticado por não levar Romário ao Mundial, e se despediu da Seleção em 2006, novamente, pelas mãos dos franceses, nas quartas de final, reeditando a parceria de 1994 com Parreira. Ao todo, foram cinco finais em sete Copas do Mundo disputadas, e o reconhecimento da Fifa, que lhe concedeu a Ordem de Mérito, em 1992, a mais alta honraria da entidade.
Zagallo encerrou a carreira com os seguintes números pela Seleção Brasileira: 135 jogos (99 vitórias, 26 empates e 10 derrotas), como técnico. À frente da Seleção Olímpica, foram 19 partidas (14 vitórias, três empates e duas derrotas). Como coordenador técnico, Zagallo foram em 72 jogos (39 vitórias, 25 empates e oito derrotas).