Quarta-feira, 27 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 15 de dezembro de 2018
Morreu neste sábado (15), aos 56 anos, Arthur Maia, uma das referências do baixo elétrico no Brasil. O músico sofreu uma parada cardíaca e foi levado para UPA Mário Monteiro, em Niterói, mas não resistiu.
Arthur Maia foi um músico excepcional nascido na cidade do Rio de Janeiro (RJ), mas associado à cidade fluminense de Niterói (RJ), onde morou, onde atuou como secretário de cultura e onde morreu inesperadamente, vítima de parada cardíaca.
Foi do tio, o também baixista Luizão Maia (1949 – 2005), que Arthur ganhou na adolescência o baixo elétrico que daria o tom do artista nos bailes da vida.
Aos 17 anos, Arthur iniciou a carreira profissional nesses bailes, absorvendo a influência do som black Rio que pautou grande parte da discografia do baixista como solista e como músico acompanhante.
Aos 19 anos, em 1981, o baixista já gravava com Ivan Lins, tocando no álbum Daquilo que eu sei. Daí em diante, Maia foi requisitado para tocar em discos e shows de gigantes da MPB e do pop nacional como Caetano Veloso, Djavan, Gal Costa, Gilberto Gil, Jorge Ben Jor, Lulu Santos, Marisa Monte e Milton Nascimento, entre muitos outros nomes do panteão musical brasileiro.
Contudo, Arthur Maia também soube transitar além do mainstream da MPB e do pop nativo. Foi um dos fundadores do Cama de Gato, grupo carioca de música instrumental que, a partir dos anos 1980, ajudou a criar a linguagem do chamado jazz brasileiro. Também integrou formações da banda Black Rio. Mais tarde, fez parte da banda pop Egotrip.
Além de exímio baixista, Arthur Maia atuou também como arranjador e produtor musical. Foi nessas funções, divididas com Celso Fonseca, que Arthur Maia deu forma ao álbum que Martn’ália lançará em janeiro com músicas do compositor e poeta Vinicius de Moraes (1913 – 1980).
Como solista, o músico e compositor deixa álbuns como Maia (1991) e Arthur Maia (1996), discos nos quais exercitou o toque do funk e do samba com toda a influência do jazz. Som que deu projeção no circuito jazzístico internacional a Arthur Maia, um dos maiores músicos do Brasil no toque do baixo elétrico.
Primo de Arthur, o também baixista Zé Luís Maia disse ter sido pego de surpresa pala notícia:
“Foi uma parada cardíaca fulminante, tentaram reanimá-lo, mas não conseguiram. Ele era fantástico, a melhor pessoa e músico que conheci, ele e meu pai, o Luizão. E ambos faleceram com 56 anos.”
Dono de uma técnica apurada e repleta de versatilidade, Maia trafegava com excelência por gêneros como a MPB, o pop, o jazz e a black music. O músico também atuou como arranjador, produtor e foi secretário de cultura de Niterói de 2013 a 2016.
Com o disco de estreia “Maia” (1990) ganhou um Prêmio Sharp de Música na categoria revelação instrumental.
Em seu perfil no Twitter, Gil lastimou a morte do músico e postou um vídeo de um show antigo em Recife, onde convida o contrabaixista a solar em “Palco”. “Lamentamos muito a partida precoce de um dos maiores baixistas da atualidade, Arthur Maia. Seu talento e bom humor farão muita falta a todos nós”, destacou Gil no tuíte. O músico também foi lembrado em postagens de outros artistas, como Beto Guedes, Paula Toller e Marcelo D2.