Domingo, 12 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 23 de dezembro de 2017
A expectativa de vida dos americanos diminuiu pelo segundo ano consecutivo em 2016, influenciada pela crise dos opiáceos nos Estados Unidos, que voltou a elevar as taxas gerais de mortalidade, segundo informou ontem o Centro para Prevenção e Controle de Doenças (CDC, na sigla em inglês). Um total de 63 mil pessoas morreu por overdose de drogas em 2016 nos EUA, 21% a mais que em 2015, segundo o estudo da CDC.
As overdoses relacionadas a opiáceos aumentaram 28%, matando 42.249 pessoas, em sua maioria na faixa dos 25 aos 54 anos. “A escalada no crescimento das mortes por opiáceos é absolutamente assustadora. E vem ficando pior”, disse em comunicado John Auerbach, diretor-executivo do grupo ativista de defesa da saúde pública Trust for America’s Health (TFHA).
O aumento é resultado, em grande medida, da continuidade na escalada das mortes pelo uso de fentanil e outros opiáceos sintéticos, que subiram para 19.410 em 2016, em comparação às 9.580 mortes registradas em 2015 e às 5.540 em 2104, segundo análise do estudo feita pela TFAH.
A heroína, um opiáceo ilegal, esteve ligada a 15,5 mil mortes, enquanto analgésicos vendidos com receita estiveram por trás de aproximadamente 14,5 mil mortes, de acordo com a TFAH. “Não são simplesmente números, são vidas”, disse Benjamin F. Miller, diretor de políticas do Well Being Trust, fundação americana sem fins lucrativos com foco em problemas de saúde mental. “Ver a perda de vidas nesse ritmo dramático exige mais ações imediatas.”
Em outubro, o presidente Donald Trump declarou a crise de opiáceos como emergência de saúde pública, o que, segundo autoridades, vai redirecionar recursos federais e abrandar as leis de combate ao abuso de drogas. Trump, porém, não chegou a declarar a crise uma emergência nacional, como havia prometido, o que teria liberado mais fundos.
O aumento do número de mortes por overdose derrubou os recentes ganhos na expectativa de vida nos EUA, que acabou caindo para a idade média de 78,6 anos – queda de 0,1 ano em relação a 2015. É a primeira vez que se registram quedas em dois anos consecutivos no país desde 1962 e 1963. Os índices de overdose aumentaram em 40 Estados e na capital entre 2015 e 2016, sendo que em 17 Estados a alta foi de 25% ou mais, segundo a TFAH. “Todas as comunidades foram afetadas por essa crise”, disse Auerbach, da TFAH. Para ele, o governo não tem feito os investimentos necessários para “virar a maré”.
Em meio ao agravamento da epidemia de opiáceos, muitos procuradores-gerais estaduais estão processando fabricantes desses medicamentos e buscam determinar se produtores e distribuidoras fizeram marketing ilegal.