Terça-feira, 07 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 11 de dezembro de 2024
O número de mortes violentas intencionais caiu 6,2% na Amazônia Legal, mas ainda é 41,5% maior do que a média nacional, revelou nessa quarta-feira (11) a 3ª edição do estudo “Cartografias da violência na Amazônia”, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, em parceria com o Instituto Mãe Crioula (IMC).
A Amazônia Legal é formada por nove estados: Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins e por parte do Maranhão, num total de 772 municípios. A área foi delimitada em 1953 por uma lei federal com o objetivo de criar políticas para o desenvolvimento socioeconômico da região.
O estudo analisou o triênio de 2021 a 2023. No ano passado, 8.603 pessoas morreram violentamente na região, contra 9.096 mortes em 2021. A taxa de mortes violentas na Amazônia Legal é de 32,3 a cada 100 mil habitantes, enquanto a média nacional é de 22,8/100 mil habitantes.
O índice mais violento da Amazônia Legal – e do Brasil – é o do Amapá: 69,9/100 mil habitantes.
A queda nas mortes segue uma tendência nacional. Além disso, segundo os pesquisadores do estudo, a diminuição também se deve ao domínio de facções criminosas. Onde há a presença de mais de uma e disputa entre elas, os índices de violência observados são mais altos.
“Em parte, a redução na taxa pode ser explicada por um crescimento no número de municípios que estão, por assim dizer, dominados, ou que tenham presença de apenas uma facção. Nesse sentido, cresceu muito a influência do Comando Vermelho na região. São 130 municípios em que encontramos evidências de presença apenas do Comando Vermelho”, disse o coordenador de projetos do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, David Marques.
Em 2023, o estudo identificou um crescimento de 46% na presença de facções criminosas na Amazônia Legal. Agora, dos 772 municípios, ao menos 260 tem registros desses grupos criminosos.
A Amazônia Legal é uma região estratégica para as organizações criminosas. O Brasil faz fronteira com os três principais países produtores de cocaína do mundo: Colômbia, Bolívia e Peru. “Além de ser vizinho desses países, o Brasil também é um grande mercado consumidor, e é um hub logístico dessa cadeia transnacional de produção de drogas”, analisa Marques.
A disputa pelas rotas do narcotráfico se soma a antigos conflitos fundiários e disputas de terra para a exploração do solo, do desmatamento ao garimpo. Em comum: o controle armado destes territórios.
Os crimes também se sobrepõem e se conectam. O narcotráfico tem usado, inclusive, as cadeias produtivas da madeira e do ouro para lavagem de dinheiro. Diferentemente da cocaína e da maconha, estes são produtos potencialmente legais.
“Esse processo tem se aprofundado na região amazônica, em diferentes áreas. A gente viu, por exemplo, o contexto do assassinato do Dom Phillips e do Bruno Pereira ali na região do Vale do Javari. São atores que têm a ver com o narcotráfico e também com a exploração ilegal de pescado”, explica o coordenador do Fórum. As informações são do portal de notícias G1.