Terça-feira, 14 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 7 de maio de 2015
Pelo menos dez mosaicos romanos foram danificados durante um processo de restauração no Museu de Arqueologia de Hatay, na Turquia. Marcadas pelo tempo, as obras foram submetidas a um procedimento que deveria recuperá-las, mas acabou deixando-as mais distantes de suas versões originais. O caso faz lembrar o da famosa “velhinha de Borja”, que em 2013 descaracterizou completamente um afresco feito em uma igreja da Espanha no século 19. Questionada pela imprensa, a restauradora amadora se justificou dizendo que ainda não havia terminado o trabalho.
A diferença para o episódio da Turquia é que, em tese, os restauradores do museu de Hatay seriam profissionais. O descuido da instituição não deve ficar impune. Autoridades locais iniciaram uma investigação sobre o procedimento a que os mosaicos foram submetidos para identificar culpados. O painéis históricos abrigados no museu, alguns datados do século 2, fazem parte de uma das maiores coleções existentes no mundo e são conhecidos mundialmente. Os mais famosos descrevem o sacrifício de Isaac e o mito de Narciso.
Um dos primeiros a questionar as alterações nas obras foi um artesão da comunidade, Mehmet Daşkapan. “Valiosas peças da época romana foram arruinadas. Elas tornaram-se caricaturas das originais. Algumas estão em mau estado e perderam a sua originalidade e valor”, disse ao jornal britânico “The Guardian”. “O painel que eu vi não pode ter sido o mosaico original do século 2. Faltam algumas de suas pedras, enquanto outras foram realocadas, criando um quebra-cabeça sem sentido.” Suas preocupações foram ecoadas por Sefik Çirkin, um parlamentar que chamou a restauração de “um massacre da história”.
Segundo o “Guardian”, um funcionário do Ministério da Cultura confirmou que ocorreram “práticas errôneas” durante a restauração, que ele atribuiu à “adição de peças do mosaico” que não estavam nos originais. Ele ainda confirmou que todas as outras restaurações foram interrompidas até que a questão seja esclarecida.
Em contrapartida, o porta-voz do ministério saiu em defesa dos restauradores e alegou que todos os envolvidos tinham anos de experiência na atividade. Quando questionados, os responsáveis pela restauração negaram todas as acusações de irregularidades e afirmaram que as imagens veiculadas na mídia local não eram condizentes com a realidade.