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Política MST estende bandeira branca com “promessa de paz”

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Até o relator da comissão, Ricardo Salles, avalia que não tem apoio para aprovar seu parecer. (Foto: Bruno Spada/Câmara dos Deputados)

Em meio ao clima tenso que permeia o início dos trabalhos da CPI do MST, o líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra, João Paulo Rodrigues, fez chegar ao relator da comissão, deputado Ricardo Salles (PL-SP), um “áudio de promessa de paz”. A mensagem foi repassada ao relator por um dos advogados que representam o grupo.

Nela, Rodrigues diz que “o MST vai fazer a CPI nos quatro marcos do campo”. Ressalta que o movimento não quer nada que possa causar mais problemas do que já tem e conclui: “A CPI é séria e vamos tratar de forma séria, sem criar malabarismos”. O contato foi feito em meio a informações de que o MST prepara dossiês contra Salles.

O gesto foi visto por ruralistas como uma mostra de que o movimento está preocupado com o que será apontado pela CPI, que está atrás dos financiadores das invasões de terra.

Apoio do agro

Os trabalhos da CPI foram iniciados na terça (23) e têm o objetivo de investigar invasões por integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra. Com um clima tenso de bate-bocas e microfone cortado, a CPI do MST chega mostrando um jogo de forças instrumentado por deputados bolsonaristas.

É o que avalia o sociólogo Celso Rocha de Barros, que chama atenção para o fato de que o próprio presidente da CPI, o deputado Tenente Coronel Zucco, é também investigado pelo financiamento dos atos extremistas de 8 de janeiro.

A chapa eleita para presidir a comissão tem na relatoria Ricardo Salles (PL-SP), ex-ministro do Meio Ambiente de Jair Bolsonaro, e o deputado Kim Kataguiri (União-SP) na primeira vice-presidência.

“Tudo indica que os deputados bolsonaristas vão usar da CPI do MST para ganhar uma visibilidade que eles não tinham conseguido até agora. Até aí é jogo jogado. É absolutamente normal que a oposição utilize a CPI para aparecer e divulgar suas críticas ao governo”, explica. “Só que nesse caso específico tem um risco sério que a gente tem que levar em conta: o risco é promover e dar visibilidade para bolsonaristas que provavelmente serão investigados na outra CPI.”

Na terça, Zucco cortou a fala da deputada Sâmia Bomfim (PSOL-RJ) enquanto ela lia notícia de que seu nome foi incluído na investigação da Polícia Federal sobre os atos antidemocráticos.

Para Celso Rocha de Barros, os investigados na CPI do 8 de janeiro devem tentar usar a CPI do MST para “conseguir o apoio do agronegócio numa tentativa de conseguir anistia e evitar uma punição.”

Os deputados que assinaram o requerimento para a abertura da CPI do MST afirmam terem sido motivados pelas recentes invasões do movimento, entre janeiro e 23 de abril de 2023. Neste período, o MST realizou 33 invasões de imóveis rurais pelo Brasil – número recorde desde 2017, quando o movimento realizou 40 ocupações.

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