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“Mudança já ocorreu, governo apenas resiste”, diz embaixador em Belarus

Protestos têm ocorrido desde a reeleição do presidente Alexander Lukashenko. (Foto: Reprodução)

A comunidade internacional acompanha com preocupação as gigantescas manifestações contra o presidente de Belarus, Alexander Lukashenko, desde que foi anunciada a sua reeleição para um sexto mandato. Ainda é muito cedo fazer um prognóstico do futuro de Lukashenko, na avaliação do embaixador brasileiro em Minsk, Paulo Fernando Dias Feres.

“Do ponto de vista da sociedade, uma mudança já ocorreu, o governo apenas resiste ao inevitável. A questão é por quanto tempo”, afirma o embaixador brasileiro, que está no país há cerca de um ano e meio.

Em 9 de agosto, o governo anunciou que Lukasheko venceu a desafiante Svetlana Tikhanovskaya com 80% dos votos – resultado que a oposição atribui a uma fraude. Opositores saíram às ruas e foram duramente reprimidos pelas forças de segurança do país que fez parte da antiga URSS (União Soviética).

Os protestos mais numerosos teriam reunido cerca de 200 mil manifestantes. Desde eleição, cerca de 7 mil pessoas foram presas e houve relatos de tortura, superlotação das prisões e até de violência sexual. Com medo, Svetlana deixou o país e aguarda na Lituânia a disposição do regime para abertura de diálogo.

Nova geração

Embora Lukasheko, de 66 anos, sempre tenha enfrentado uma certa oposição, é a primeira vez, desde 1994, que a população vai às ruas para pedir mudanças. A atual onda de contestação pode estar sendo impulsionada pela nova geração.

“Acredito que exista algum medo [de se manifestar], mas que ele não é paralisante. Lukashenko imaginou que, se fizesse uma repressão forte no início, a população se amedrontaria, o que não aconteceu. Isso tem muito a ver com uma nova geração que tem até uns 35 anos. Eles não conheceram a União Soviética e parecem não ter medo dele”, observa o embaixador.

Foi a dona de casa Svetlana Tikhanovskaya, de 37 anos, que acabou se tornando a porta-voz dos que buscam mudança e que conseguiu mobilizar a oposição no país.

A ex-professora de inglês decidiu concorrer após o seu marido, o blogueiro Serguei Tikhanovski, ter sido preso enquanto fazia campanha. Outros opositores também foram detidos e impedidos de participar do pleito, mas a candidatura da dona de casa foi aceita.

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