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Mulheres com mais de 40 anos têm a maior participação no mercado de trabalho já registrada

O movimento também foi visto nos recortes de 40 a 59 anos – onde a parcela passou de 19,8% para 32,6%, respectivamente. (Foto: Freepik)

O engajamento das mulheres de 40 a 59 anos no mercado de trabalho aumentou entre 2012 e 2024, mostra estudo da pesquisadora do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre) Janaína Feijó.

A taxa de participação feminina subiu de 58,6% no quarto trimestre de 2012 para 65,5% no quarto trimestre de 2024, ou seja, um aumento de 6,8 pontos percentuais. É o maior patamar desde o início da série histórica da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Ainda assim, a taxa das mulheres de 40 a 49 anos (65,5%) é 21 pontos percentuais menor do que a dos homens (86,5%).

O fenômeno também é observado entre as mulheres acima de 60 anos, com salto de 13,9% para 17%, também o maior nível da pesquisa, porém menos da metade daquela dos homens (35,6%).

“Com mudança demográfica, pessoas com 40 anos ou mais têm aumentado sua fatia na população em idade ativa. Entre as mulheres, chama atenção o aumento da participação no mercado”, afirma a economista.

A taxa de participação é a relação entre as pessoas ocupadas ou em busca de trabalho e a população em idade ativa (14 anos ou mais) e serve como referência para o envolvimento no mercado.

No caso das mulheres, os desafios para começam antes mesmo da oferta da mão de obra, diante das restrições impostas pelo trabalho de cuidado, seja com a família ou com afazeres domésticos.

Nos últimos anos, diz Feijó, uma combinação de fatores estruturais e conjunturais ajudou a ampliar o engajamento das mulheres no mundo do trabalho. Mudanças na sociedade, segundo ela, aparecem no primeiro caso, com mais mulheres com ensino superior; postergação da maternidade; mais creches; políticas pró-famílias em empresas; e divisão maior de responsabilidades na família.

“A sociedade tem tratado mulheres e homens de forma mais equitativa. Há mais mulheres escolarizadas e galgando posições de liderança, isso tende a afetar o rendimento médio das mulheres, embora ainda não se equipare ao dos homens”, nota.

Somado a isso, a conjuntura econômica na recuperação do pós-pandemia contribuiu para o mercado. Profissionais mais escolarizados e experientes – como as mulheres acima dos 40 anos – acabaram mais beneficiados, de acordo com a pesquisadora do FGV Ibre:

“A curto prazo, tem um fator econômico pujante, que favorece quem tem mais escolaridade e experiência. E há mais espaço para absorver as mulheres, considerando que a taxa de participação dos homens já é muito elevada”.

Em 2012, o grau de escolaridade das trabalhadoras já era maior que o dos homens e a distância aumentou. Das mulheres ocupadas em 2012, 14,4% tinham ensino superior, fatia que foi a 24,1% em 2024. Entre homens, o percentual subiu de 11,1% para 19,3%.

O movimento também foi visto nos recortes de 40 a 59 anos – onde a parcela passou de 19,8% para 32,6%, respectivamente – e de 60 anos ou mais – de 14,5% a 25,5%.

No quesito rendimento, há redução das diferenças, embora a disparidade permaneça. Na faixa de 40 a 59 anos, as mulheres ganhavam 68,9% da renda dos homens em 2012 e 75,4% em 2024. No grupo acima de 60 anos, a relação subiu de 56,4% para 70,6%. As mudanças refletem, de acordo com Feijó, o aumento do grau de instrução das mulheres e a maior presença em cargos de liderança, que são melhor remunerados.

A pesquisadora do FGV Ibre esclarece, no entanto, que as dinâmicas do mercado são diferentes entre as duas faixas etárias: de 40 a 59 anos e de 60 anos ou mais. Entre as mulheres no grupo mais velho, a economista acredita que o aumento do custo de vida nos últimos anos pode ter contribuído para que mais mulheres entrem na força de trabalho, mesmo já aposentadas, para complementar a renda domiciliar. As informações são do portal Valor Econômico.

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