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Mundo Mulheres ganham espaço nas Forças Armadas do Brasil e de outros países

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Alunas do curso de operações de paz participam de exercício de evacuação na Base dos Fuzileiros Navais, no Rio. (Foto: Divulgação/Marinha do Brasil)

Desde 1947, o Brasil participou de 50 missões de paz das Nações Unidas, envolvendo mais de 57 mil militares e civis, mas durante décadas, nenhuma mulher uniformizada foi escolhida. Foi apenas neste século que isso mudou, com o efetivo feminino ganhando espaço nas Forças Armadas do País e de outras nações.

Os ventos começaram a mudar em 2013, quando a Marinha enviou uma observadora para a Operação das Nações Unidas na Costa do Marfim. No ano seguinte, Carla Daniel se tornaria a primeira oficial brasileira designada para um navio de combate, no Líbano, e em 2017, a primeira a trabalhar na sede do Departamento de Operações de Paz da ONU, em Nova York.

“A todo momento eu pensava: tenho que dar certo, tenho que fazer tudo direito, senão depois de mim não virá nenhuma mulher para o meu lugar”, lembra a oficial. “Se você é mais uma, você pode cuidar apenas do que é seu. Quando você é a primeira, o peso é muito grande. Ali naquele navio não era somente eu, éramos eu e todas as que poderiam vir depois de mim.”

Em 2000, o Conselho de Segurança das Nações Unidas adotou sua primeira resolução sobre o que se convencionou chamar “Agenda sobre Mulheres, Paz e Segurança”, que visa fomentar a participação feminina em missões de paz da ONU. Mas foi só em 2017 que o organismo internacional lançou uma estratégia em prol da paridade de gênero entre homens e mulheres uniformizados.

Desde então, 108 Estados membros (56%), incluindo o Brasil, adotaram um Plano de Ação Nacional para atender às recomendações da medida, segundo levantamento do programa PeaceWomen da Liga Internacional das Mulheres pela Paz e Liberdade (WILPF), a mais antiga organização de mulheres pela paz do mundo.

“Quando fui escolhida para participar da Unifil [força interina da ONU no Líbano], imaginei que ficaria em terra firme, porque até então mulheres só embarcavam em dupla, e eu iria sozinha. Foi uma surpresa quando me disseram que minha função principal seria de assistente do almirante e, por isso, ficaria a bordo com 263 homens, mais de 40 oficiais”, conta Carla Daniel.

Sororidade

Na primeira semana de julho, ela e mais 13 pioneiras das Forças Armadas de Brasil, Ruanda e Reino Unido foram convidadas a compartilhar suas experiências com outras 80 mulheres, civis e militares, durante o 12° Curso de Operações de Paz para Mulheres, promovido pelo Centro de Operações de Paz e Humanitárias de Caráter Naval (COpPazNav) da Marinha do Brasil, no Rio de Janeiro.

Foi a primeira edição que teve apoio do Ministério das Relações Exteriores, o que fez com que houvesse um salto na diversidade do programa: este ano compareceram representantes de 37 países, em comparação com 11, em 2023, e oito, em 2022.

Por uma questão de ordem e hierarquia, as alunas militares e policiais pediram para não serem identificadas. Mas todas concordaram que, para além da formalidade de um curso como esse, em que o intuito é aprender sobre os mecanismos de funcionamento de uma missão de paz e suas oportunidades de trabalho, a mensagem central é, na verdade, sobre sororidade, a ideia de irmandade entre as mulheres, independente de suas peculiaridades. Sem isso, afirmam, é quase impossível avançar sem sequelas, físicas ou emocionais.

“Eu achava que era difícil apenas no meu país, mas estou vendo que é difícil em qualquer lugar”, desabafou uma delas.

Apesar da grande variedade geográfica, linguística, cultural e religiosa presente no evento, os relatos se entrelaçaram:

“Os homens alegam que não somos boas, nem fortes o suficiente, então temos que provar nossa capacidade a todo momento”, comentou outra aluna.

Elas afirmam que a mentalidade machista das forças armadas e de segurança está mudando à medida que mais e mais mulheres ingressam em suas fileiras, e que cada vez menos comportamentos invasivos ou desrespeitosos são repetidos. Mas ainda são uma minoria expressiva nos quadros uniformizados mundo afora, o que dificulta o rompimento de algumas “normas” culturais e tradições.

“Na minha formatura como oficial, o chefe do Estado-Maior me cumprimentou com dois beijinhos no rosto. Ele me conhecia desde criança, mas naquele contexto esse gesto era totalmente inapropriado. A partir disso, comecei a esticar a mão antes de qualquer oficial vir falar comigo”, disse uma das estrangeiras. “Também era muito comum eu ser apresentada pelo meu chefe como ‘a filha do fulano’, porque meu pai era um coronel da reserva. Hoje isso não acontece mais.”

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https://www.osul.com.br/mulheres-ganham-espaco-nas-forcas-armadas-do-brasil-e-de-outros-paises/ Mulheres ganham espaço nas Forças Armadas do Brasil e de outros países 2024-07-15
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