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Mulheres que trabalham são 76% dos alunos de faculdade em cursos de EAD

O texto vai agora para sanção pelo presidente da República. (Foto: EBC)

O crescimento do número de cursos de EAD foi de 700% entre 2012 e 2022, com mais de 3 milhões de ingressantes em cursos de graduação a distância. A maioria dos alunos dessa modalidade é formada por mulheres (64%) que trabalham (76%). O perfil é composto majoritariamente por pessoas da classe C (54%) e que fizeram ensino médio na rede pública (86%). Os dados, agrupados pelo Educa Insights, são do Enade e do Censo Inep.

Após a desidratação do Fies, programa federal de financiamento estudantil, os cursos remotos se tornaram alternativa de acesso para alunos de baixa renda ou que trabalham. Também viraram caminho para instituições particulares expandirem seu mercado.

Desde o ano passado, o MEC tem imposto restrições à criação de cursos a distância. Neste mês, estendeu a suspensão para todos os novos cursos EAD em faculdades particulares até 2025, assim como a expansão de novas vagas em cursos já existentes e polos.

O objetivo, diz o MEC, é estabelecer uma regulação mais eficiente do modelo, que tem sido alvo de questionamentos sobre a qualidade.

Para especialistas, uma das dificuldades na modalidade é a falta de acompanhamento mais próximo por professores ou monitores. Para alunos mais jovens ou com menos experiência de estudos, essa barreira pode dificultar o aprendizado e o aproveitamento.

Ana Regina Rosa, de 47 anos, conta que fazer a graduação sempre foi um sonho, que não conseguiu realizar quando mais nova, mas alcançou por meio da EAD. “Na verdade, meu sonho não era em EAD, mas presencial”, diz.

Para ela, o aprendizado é maior no ensino presencial, mas é possível se adaptar. “Já que não dá presencial, fazemos assim. Mas não estou triste, é uma superconquista”, diz Ana Regina, no último ano de Educação Física a distância, na Uniasselvi. “Você tem de se dedicar muito para executar as provas. Para mim, está sendo uma experiência incrível. Se não fosse na EAD, eu não iria fazer a faculdade”, completa.

Mudanças

É nas licenciaturas para formação de professores que se concentram grande parte dos estudantes de graduações online. Nessa área, o MEC impôs regras mais restritivas para EAD: os cursos deverão ter pelo menos 50% da carga horária dada de forma presencial.

As faculdades terão dois anos para se adaptar às novas regras. Graduações já em curso não serão atingidas pela medida. “Não tem como fazer formação de qualidade do professor, à altura dos desafios do mundo moderno, em EAD. É um profissional que exige interação constante, desenvolvimento de habilidades relacionais”, diz Olavo Nogueira, diretor executivo do Todos pela Educação, movimento que assumiu posição contra a modalidade na formação docente.

Segundo algumas instituições, haverá dificuldades para implementar a mudança. A Universidade Virtual do Estado de São Paulo (Univesp) teme precisar fechar suas graduações diante do novo cenário.

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