Segunda-feira, 28 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 27 de abril de 2025
Diante do aumento das tensões comerciais que elevam incertezas e impactam decisões de consumo e investimento, o Fundo Monetário Internacional (FMI) revisou para baixo as projeções para o crescimento econômico mundial neste 2025, de 3,3% para 2,8%, e em 2026, de 3,3% para 3%.
Se confirmados tais prognósticos, será o menor ritmo de atividade desde a pandemia de covid. A principal razão para o pessimismo, obviamente, é a escalada da guerra comercial deflagrada pelos Estados Unidos sob a administração de Donald Trump.
As novas tarifas de importação, especialmente contra artigos da China, desencadearam retaliações, como restrições do gigante asiático à exportação de minerais raros. Essa dinâmica ameaça as cadeias globais de suprimentos, altamente integradas.
O FMI destaca que as tarifas representam um choque negativo na oferta. Na realidade atual de produção integrada, os bens intermediários cruzam fronteiras múltiplas vezes antes de se tornarem produtos finais.
Instituições financeiras, por sua vez, reavaliam a oferta de crédito, temendo exposição a um ambiente instável. O FMI estima que os riscos de uma recessão global subiram de 17% para 30%, embora ainda descarte uma contração generalizada.
Além do prejuízo na produção, os custos devem se materializar em queda mais lenta da inflação, cuja projeção foi elevada para 4,3% em 2025 e 3,6% em 2026, com aumentos notáveis nos EUA (para 3% neste ano, ante 2% previstos anteriormente).
Há, contudo, certa esperança de acomodação com a negociação de novos acordos comerciais entre Washington e outras regiões. As tratativas, segundo a delegação americana no encontro semestral do Fundo, estariam em andamento com vistas a reduzir o déficit comercial do país, hoje na casa de US$ 1 trilhão anual.
Para uma solução sustentável, contudo, será necessário agir em outras frentes e num espírito de cooperação, atributo hoje escasso. No caso dos EUA, a redução do déficit fiscal é premente, mas ainda não visível. Do mesmo modo, há ceticismo com os estímulos adotados para ampliar a demanda interna nas regiões hoje superavitárias no comércio, caso da Alemanha e da China.
Para o Brasil, o FMI revisou ligeiramente as projeções de crescimento do PIB de 2,2% para 2% em 2025 e 2026, em qualquer caso uma desaceleração em relação ao padrão dos últimos anos.
Entre os gargalos apontados estão a inflação persistente, estimada em 5,3% em 2025 e 4,3% em 2026, e o aumento galopante da dívida pública. O momento exige cautela e o governo Luiz Inácio Lula da Silva deveria agir com essa premissa em mente. A insistência em medidas de expansão de gastos será um erro que infelizmente o Planalto ainda demonstra minimizar. (Com informações da Folha de S.Paulo)