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Músculos são a farmácia do corpo? Entenda como a musculação regula e traz benefícios para todo o organismo

A contração muscular contribui para a saúde geral e a prevenção de doenças crônicas, incluindo doenças cardiovasculares. (Foto: Shutterstock)

Fazer musculação pode significar menos idas à farmácia? Os defensores da atividade física usam a metáfora de que os músculos são a farmácia do corpo porque, além de produzirem força e movimento, eles também atuam como glândulas endócrinas, gerando substâncias chamadas miocinas, uma espécie de “remédio natural” produzido pelo corpo.

As miocinas contribuem para:

– Redução da inflamação sistêmica, comum em doenças reumáticas e autoimunes

– Melhora da sensibilidade à insulina

– Modulação da função imunológica

– Melhora da saúde neurológica

Por isso, a contração muscular contribui para a saúde geral e a prevenção de doenças crônicas, incluindo doenças cardiovasculares, neurológicas, inflamatórias, autoimunes, neurodegenerativas e diabetes.

As miocinas atuam como mediadores de comunicação entre o músculo em atividade e outros órgãos, exercendo efeitos nas próprias células, em células próximas e em células distantes, por meio da corrente sanguínea.

“Essas substâncias destacam o papel do músculo como um importante órgão endócrino, contribuindo para a regulação do metabolismo energético, da inflamação, da saúde cardiovascular e do equilíbrio metabólico geral. A musculação e o exercício físico são um estímulo-chave para a liberação de miocinas, promovendo benefícios sistêmicos à saúde”, destaca o professor de medicina esportiva da Escola Paulista de Medicina Alberto de Castro Pochini.

As miocinas permitem a interação entre o músculo esquelético e outros órgãos, como o fígado, o tecido adiposo e o sistema cardiovascular, promovendo uma resposta integrada que melhora a saúde geral e a resiliência do organismo.

A contração muscular durante o exercício físico estimula a liberação de várias miocinas, como a interleucina-6 (IL-6), que é uma das mais estudadas e conhecidas por suas propriedades anti-inflamatórias e imunomoduladoras.

Além disso, outras miocinas, como a irisina e o fator neurotrófico também são produzidas em resposta ao exercício e têm sido associadas a efeitos benéficos na regulação da inflamação e na saúde metabólica, destaca o médico da medicina esportiva do Instituto de Ortopedia do HCFMUSP Romão Sampaio Monteiro Sobrinho.

Entre as principais miocinas e substâncias secretadas pelo músculo, destacam-se as miocinas, peptídeos e hormônios metabólicos. Entenda a ação destas substâncias no organismo:

Irisina: estimula a transformação de gordura branca (armazenada como reserva energética) em gordura marrom (aliada em processos de emagrecimento), induzindo termogênese e aumento do gasto energético.

Interleucina-6 (IL-6): pode regular o metabolismo da glicose e dos lipídios e tem efeitos anti-inflamatórios

Interleucina-15 (IL-15): está relacionada ao aumento da massa muscular e redução do tecido adiposo.

FGF21 (fator de crescimento de fibroblastos-21): está relacionado ao metabolismo energético e à sensibilidade à insulina.

BDNF (fator neurotrófico derivado do cérebro): contribui para a plasticidade neural (capacidade do cérebro de se reorganizar e remodelar suas conexões neurais) e o metabolismo energético.

Oncostatina M: participa do equilíbrio do metabolismo energético e da regeneração muscular.

Decorina: está envolvida na regulação do crescimento muscular, neutralizando a miostatina.

Miostatina (GDF-8): Atua inibindo o crescimento muscular, sendo estímulo negativo a hipertrofia muscular.

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