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Por Redação O Sul | 7 de junho de 2022
A escassez de diesel na Argentina se agravou e se propagou para grande parte do país, afetando várias atividades econômicas, principalmente o transporte de cargas, segundo relataram fontes empresariais.
De acordo com dados divulgados pela Federação Argentina de Entidades Empresariais de Transporte de Carga (Fadeeac), entre 25 de maio e o último domingo, 19 das 24 províncias do país apresentaram problemas de abastecimento de diesel, combustível utilizado em máquinas agrícolas, caminhões e ônibus de passageiros.
O “mapa de abastecimento” elaborado pela entidade empresarial mostra que, com exceção das províncias produtoras de hidrocarbonetos do sul do país, os demais distritos registram dificuldades no acesso ao combustível.
A escassez de diesel é uma realidade há dois meses, quando os produtores rurais informaram que não tinham combustível suficiente para colher suas lavouras e depois transportá-las para locais de armazenamento e portos de exportação. Nos últimos dias, essa escassez agravou-se e alastrou-se pelas regiões do centro e do norte do país.
Odisseia
“O panorama está cada dia mais complicado. A produção agrícola e industrial, que já sofre com atrasos, será ainda mais afetada se a situação atual não for revertida”, alertou o presidente da Fadeeac, Roberto Guarnieri.
De acordo com o “mapa de abastecimento” atual, há 14 distritos – incluindo as quatro províncias mais populosas do país e a cidade de Buenos Aires – marcados em “vermelho”, onde há muito pouco ou nenhum fornecimento aos postos.
Em outras quatro províncias em situação “laranja”, a oferta média é de 20 litros por veículo devido à imposição de cotas, quando um caminhão precisa de entre 35 e 40 litros para percorrer 100 quilômetros, uma distância curta dada a enorme extensão do país.
Junto com a escassez, há atrasos que afetam a operação do transporte de cargas.
Segundo a Fadeeac, 29,6% dos transportadores tiveram que esperar mais de 12 horas para abastecer combustível; 28,9% entre 3 e 6 horas; 24,4% entre 6 e 12 horas; e 17% entre 2 e 3 horas.
“Não podemos cumprir nossos compromissos em tempo hábil e empregos são perdidos devido à incerteza gerada pela falta de abastecimento normal. Os motoristas perdem horas de descanso para ficar na fila e ver se têm sorte de conseguir algum combustível”, declarou Guarnieri.
Economias em xeque
Por sua vez, o presidente da Confederação Argentina de Médias Empresas (Came), Alfredo González, advertiu que a falta de diesel “está colocando em xeque as economias regionais”, razão pela qual pediu uma “solução urgente” para evitar que a crise afete ainda mais a alta inflação que a Argentina já está registrando.
“As denúncias que nos chegam de diferentes partes do país são graves porque estão afetando a operação dos produtores”, alertou González.
Os meses de colheita e de envio de grãos ao porto são tradicionalmente de aumento na demanda por diesel na Argentina, o que normalmente se reflete em uma alta nas importações deste combustível neste período.
Desta vez, no entanto, o país enfrenta um cenário de falta de divisas e preços internacionais de energia excepcionalmente altos.
Em meio à crescente demanda de agricultores, industriais e transportadores, o governo da Argentina prometeu na semana passada aumentar as importações de diesel para normalizar a oferta.
Importações
Para enfrentar a situação, o governo da Argentina planeja importar diesel para aliviar a escassez que afeta transportadores de cargas em várias províncias do país.
O chefe de Gabinete da presidência, Juan Manzur, disse em uma entrevista coletiva na semana passada que o governo “vai garantir” o abastecimento desse “insumo estratégico”.
Após conversar com o secretário de Energia, dirigentes da petroleira estatal YPF e o ministro de Economia, ele ressaltou que “há a vocação e a decisão de importar mais óleo diesel”.