Sábado, 18 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 4 de junho de 2015
Avesso à formação de uma aliança ampla da oposição para enfrentar o governo o nas eleições deste ano na Argentina, Maurício Macri (PRO) resiste a unir forças com a Frente Renovadora para concorrer à Presidência em 25 de outubro.
O terceiro colocado nas pesquisas, Sergio Massa, ex-prefeito de Tigre, já lhe ofereceu apoio, mas Macri diz não querer conversa. “[Massa] É uma alternativa dentro do Partido Justicialista [peronista], e pensamos em algo diferente”, disse nessa quarta-feira.
Mas essa rejeição parece restrita ao candidato. Nas bases, seus aliados trabalham para seduzir massistas que emigram para outras chapas, descontentes com o desempenho do candidato nas pesquisas eleitorais.
Em queda vertiginosa nas sondagens de intenção de voto, Massa tem perdido apoio político. Prefeitos de seu principal bastião eleitoral, a província de Buenos Aires, voaram nos últimos dias para o kirchnerismo ou para Macri.
Oscar Luciani, prefeito de Luján, cruzou a linha rumo ao PRO. Macri esteve nesta quarta-feira na cidade.
A cerca de 50 km da capital, Luján reúne alguns dos problemas mais citados pelos eleitores neste ano: violência, falta de emprego e insatisfação com a saúde.
Reduto peronista, a cidade é um território que Macri precisa conquistar para ser competitivo, assim como a província de Buenos Aites –quatro em cada dez eleitores, afinal, estão na região que circunda a capital.
Campainha
Nessa quarta-feira como tem feito há dois meses, Macri visitou uma casa, conversou com moradores e tocou campainhas atrás de votos.
“Tudo bem vir aqui, mas aviso que não votarei em você”, afirmou a tradutora Silvia Malpassi, 52.
Simpática ao principal partido opositor, a União Cívica Radical (que nesta eleição está com Macri), ela dá pistas de que prefere o peronista Daniel Scioli. “Ele vai se rodear de gente para manter o projeto da presidente”, disse.
A eleitora ainda sugere que a mulher de Macri, Juliana Awada, cuja família tem uma grife, estaria vinculada com oficinas clandestinas que exploram mão de obra escrava.
Macri rejeita a acusação, agradece e segue a caminhada batendo em outras portas.
O jornal Folha de S.Paulo acompanhou a visita de Macri à casa de Débora e Fabián Valentino, que disseram ter convidado o candidato por uma rede social.
“Minha casa foi invadida três vezes nos últimos dois anos”, queixa-se ela. Dois vizinhos sofreram o mesmo.
Ela trabalha informalmente como despachante e faz decoração para festas. Ele é supervisor de tesouraria na concessionária da rodovia que liga a cidade à capital.
“Não sou contra nem a favor dos benefícios sociais, mas não quero dar meu dinheiro para alguém que acorda às 11h da manhã enquanto eu me levanto às 5h”, queixa-se a moradora, pedindo mudanças.
Macri é o candidato que vende a mudança na Argentina. Mas quando o tema é benefícios sociais, ele balança a cabeça e não faz críticas.
“Em 10 de dezembro [data da posse do novo presidente] vamos virar a página, criar condições para que as pessoas tenham ânimo e oportunidade de ter um emprego.” (Mariana Carneiro/Folhapress)