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Política Na disputa para indicar procurador-geral da República de Lula, petistas se estranham com o ministro Gilmar Mendes, do Supremo

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(Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

À medida que se aproxima a data da escolha do novo procurador-geral da República pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, fica mais acirrada (e tensa) a disputa entre os dois grupos que trabalham para “fazer” o substituto de Augusto Aras.

De um lado, parlamentares do PT e membros do grupo Prerrogativas, de advogados ligados ao partido, que trabalham pelo subprocurador Antonio Carlos Bigonha, e de outro o ministro do Supremo Gilmar Mendes, empenhadíssimo em colocar no cargo Paulo Gonet, vice-procurador geral eleitoral e ex-sócio de sua faculdade, o IDP.

O mandato de Aras termina em 26 de setembro, e Lula tem dito aos aliados mais próximos que vai indicar o novo PGR quando voltar de Nova York, nesta quinta-feira (21).

Por isso, nas últimas semanas, os dois lobbies trabalharam freneticamente – e chegaram a se estranhar nos bastidores, inclusive em um jantar do qual Gilmar saiu dizendo cobras e lagartos dos petistas e vice-versa.

No encontro, que aconteceu no restaurante Fazenda Churrascada, em Brasília, Gilmar tentou convencer um grupo de petistas com quem tem encontros periódicos – os deputados Rui Falcão, Alencar Santana, Vicente Candido, Carlos Zarattini, além do senador Humberto Costa e do advogado Marco Aurélio de Carvalho, do Prerrogativas – de que Bigonha é um “Janot piorado” e que sua escolha representaria um “erro grave” para o PT.

Não foi a primeira vez em que Gilmar desenvolveu o argumento, que já expôs em conversas com ministros de Lula e outras lideranças em diversos encontros nos últimos meses, todas num tom que os petistas descrevem como “agressivo” – e aliados do ministro dizem que é apenas “enfático”.

A questão é que os petistas não querem que Lula entregue a Gilmar um cargo tão estratégico e com tamanho poder, além de considerar que Gonet é um conservador. Entre eles, referem-se ao vice-procurador-geral eleitoral, que é católico, como sendo “da TFP” e da “Opus dei”.

Isso, obviamente, não foi dito às claras no jantar. Mas testemunhas relataram à equipe da coluna que a conversa foi ficando tão tensa que em determinada altura desandou para uma discussão acalorada entre o ministro do Supremo e Marco Aurélio Carvalho.

Os dois negam que tenha havido briga. Gilmar diz que fez apenas um “alerta” aos petistas. Já Marco Aurélio afirma que não houve discussão, que convive com o ministro há muitos anos e que tem o maior respeito por ele.

Os petistas, porém, saíram do encontro dizendo que Gilmar “quer mandar em tudo”, e o ministro dizendo que eles serão feitos de bobos.

O raciocínio de Gilmar é que seu ex-sócio Gonet seria mais capaz de resistir à pressão “da corporação” do que Bigonha, caso haja algum fato negativo para Lula e seu governo. Traduzindo: Gonet teria mais força para proteger Lula, como Aras fez com Bolsonaro, do que Bigonha.

O ministro chegou a usar esse mesmo argumento para o próprio presidente Lula na conversa que tiveram há duas semanas.

Se Gilmar conseguiu convencer o presidente não se sabe, mas até o final da semana passada ele não tinha dobrado os petistas.

As bancadas de Minas e de São Paulo já tiveram reuniões com o subprocurador, e Gleisi Hoffmann defendeu seu nome junto a Lula em um almoço no Palácio do Planalto.

O próprio Lula se reuniu na semana passada com Gonet e Bigonha, para conversas fechadas em que testou os compromissos dos dois candidatos com alguma causas e com seu próprio governo.

Tudo porque, apesar de o cargo de chefe do Ministério Público Federal em tese ter como missão defender a coisa pública e fiscalizar o cumprimento das leis, de forma autônoma e independente do governo de turno, na prática o próprio Lula já deixou claro que seu principal critério de escolha será a lealdade a ele mesmo.

Em entrevista recente, ele disse que o cargo de procurador-geral da República deveria ser ocupado por “alguém que goste do Brasil” e que “não faça denúncia falsa”, numa referência explícita à Lava-Jato, que levou à sua prisão em 2018. “(O Ministério Público) era uma das instituições que eu idolatrava nesse país. Depois dessa quadrilha que o Dallagnol montou, eu perdi muita confiança.”

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