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Brasil Na fronteira com o Peru, cidade brasileira recebe imigrantes em condições precárias

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Famílias inteiras dormem juntas em acomodações com até 30 pessoas. (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Quem chega à cidade de Assis Brasil, no interior do Acre, distante 330 quilômetros da capital Rio Branco, não imagina o drama vivido por cerca de 70 famílias alojadas numa pequena escola pública de ensino infantil pertencente ao município. Os migrantes são 90% venezuelanos e 10% homens e mulheres de países distintos.

Além das condições insalubres do espaço que, desde março, já recebeu mais de 1,5 mil estrangeiros, os migrantes precisam superar a saudade, a fome e a incerteza sobre o que vão conseguir no território brasileiro. Muitos nem documentos pessoais têm, ou foram roubados ou deixados para trás.

A escola, deteriorada pelo grande volume de estrangeiros que já utilizou o lugar, não comporta mais pessoas: há falta de água, os aparelhos de ar-condicionado quebraram e a rede de esgoto estourou. Até uma fossa foi cavada nos fundos da cozinha, pelos próprios alojados, para que consigam fazer as necessidades básicas.

Com os problemas coletivos de higiene, crianças e adultos começaram a ficar doentes. Os pais e mães acreditam que os menores são vítimas da insalubridade encontrada na escola. No dia 31 de outubro, o abrigo já estava sem água para o banho há dois dias, problema que segundo o Departamento de Água e Saneamento (Depasa) se deu porque a bomba da cidade queimou.

Separado pelo Rio Acre, o município de Assis Brasil faz divisa com a cidade peruana de Inãpari. Com poucos policiais na faixa de fronteira, é quase impossível controlar a passagem ilegal dos migrantes de uma cidade para outra, o que geralmente ocorre durante a madrugada, pelos varadouros – trilhas abertas na mata, e depois com a travessia a pé pelo rio, com a água na altura do peito.

A travessia arriscada é para todos, incluindo crianças e idosos. Uma das imigrantes, Lyscanen Garrido, de 25 anos, trouxe ao Brasil a filha de três anos e fez a travessia ilegal no dia 12 de outubro. A jovem pretende seguir viagem para Tangará da Serra, no Mato Grosso. Lá vai encontrar a mãe de 59 anos, e o irmão, de 13 anos, que tem problemas de mobilidade.

Lyscanen explica que fazer o trajeto pelo Acre é mais fácil e barato, por isso muitos dos estrangeiros estão chegando à cidade de Assis Brasil. “Tem uma trilha no caminho. Quando o rio fica baixo é possível caminhar. Ninguém está passando pela ponte, porque não pode. Se eu for embora, eles não deixam passar e entrar de volta no Peru”, conta.

Lyscanen frisa que, entre os estrangeiros alojados na escola, o maior medo é não serem aceitos pelo governo brasileiro. “Eu não tenho mais dinheiro. Se eu voltar para o Peru, onde eu vou morar? Eu tenho medo de passar fome. Se eu ficar na rua, vai ficar muito ruim para mim e para a minha filha. Ninguém quer que o filho passe fome. Eu tenho para onde ir, minha mãe e irmão estão me esperando”, afirma a jovem venezuelana.

Não muito diferente de Lyscanen, o engenheiro eletrotécnico Angel Gutiérrez, de 39 anos, diz que já tem destino certo no Brasil: quer encontrar com um amigo também venezuelano no Paraná, onde teria emprego garantido em um frigorífico. Mas, para isso, precisa estar legalizado junto ao governo federal. Depois, quer trazer os dois filhos, a mãe de 79 anos, e a esposa, que já está no Peru.

“Vim para cá em busca de uma oportunidade de trabalho. Eu quero trabalhar, não quero depender das pessoas. Fiquei um tempo no Peru, mas lá não me pagam como a um peruano. Se tiver sorte, alguns conseguem trabalhar na área de formação, mas isso não é para todos, são exceções”, alega o venezuelano ao destacar que está ansioso com o dia que poderá deixar o abrigo em Assis Brasil.

Segundo Gutiérrez, o imigrante foi informado inicialmente que no Peru ele teria bom emprego e salário digno, mas chegando ao país andino descobriu que tudo não passava de palavras. O engenheiro entrou no Brasil ilegalmente e disse que a polícia peruana foi quem o orientou a atravessar a fronteira dessa forma, sozinho, pelo rio, e depois pedir refúgio no abrigo criado pela prefeitura.

“Eu cruzei em um barco. Fui na polícia, e me disseram que a fronteira estava fechada, e que não passava ninguém. Então eles me disseram que aqui tinha um abrigo gratuito da igreja e que tinha esse refúgio, e me sugeriram a vir para cá. Eu vim sozinho no dia 19 de outubro”, revela.

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https://www.osul.com.br/na-fronteira-com-o-peru-cidade-brasileira-recebe-imigrantes-em-condicoes-precarias/ Na fronteira com o Peru, cidade brasileira recebe imigrantes em condições precárias 2020-11-09
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