A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Atos Extremistas, criada para investigar os ataques antidemocráticos de 8 de janeiro, está entrando na reta final. No dia 17 de outubro, a relatora, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), deve ler o relatório final sobre os trabalhos da Comissão.
Segundo integrantes da base governista, entre os quais Rogério Corrêa (PT-MG), a expectativa é pautar na reunião desta terça-feira (26) requerimentos relacionados a uma reunião em 2022 em que o então presidente Jair Bolsonaro teria discutido a possibilidade de um golpe de Estado com comandantes das Forças Armadas.
O suposto encontro foi relatado pelo tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, em delação premiada. À Polícia Federal (PF), Cid disse que o almirante Almir Garnier, então comandante da Marinha, teria manifestado apoio a um plano golpista.
Convocação
Uma parte da reunião desta terça será destinada à tomada de depoimento do general Augusto Heleno, que comandou o Gabinete de Segurança Institucional no governo Bolsonaro.
Na outra etapa da reunião, os parlamentares vão votar requerimentos. Segundo o presidente da Comissão, Arthur Maia (União-BA), devem ser votados seis pedidos – quatro da base e dois da oposição. Há uma expectativa entre parlamentares que os requerimentos da relatora entrem junto com os da base, o que ainda não foi confirmado oficialmente.
Ainda segundo Maia, a votação deverá ser simbólica e em bloco. Isto é, não haverá contagem de votos e será feita uma única votação para todos os requerimentos – ou seja, o plenário aprovará todos ou rejeitará todos.
Prorrogação
O deputado Rafael Britto (MDB-AL) defendeu nessa segunda (25) que a CPMI seja prorrogada em razão do conteúdo da delação do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.
Para Britto, a CPMI investiga tentativa de golpe e não dano ao patrimônio público. Por isso, argumenta, os trabalhos devem ser prorrogados.
“Eu acho que a CPMI tem que ser prorrogada”, disse. “Tem coisa muito séria em relação a uma tentativa de golpe de Estado”, acrescentou.
O deputado disse, porém, acreditar que os trabalhos não serão prorrogados, somente que será possível adiar a leitura do relatório final, marcada para 17 de outubro. A relatora, Eliziane Gama, por enquanto, mantém essa previsão.
Questionado sobre o tema, o deputado Pastor Henrique Vieira (PSOL-RJ) disse que a CPMI não precisa ser prorrogada. “Em princípio, não vejo necessidade de prorrogar”, declarou.
“É possível prorrogar, mas ninguém quer. Nem governo, nem oposição”, declarou um outro parlamentar, na condição de anonimato.