Quarta-feira, 22 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 4 de outubro de 2018
Na reta final da campanha eleitoral, apoiadores de Fernando Haddad (PT) e Ciro Gomes (PDT) disputam voto contrário a Jair Bolsonaro (PSL). Com a adesão de artistas e mobilizações nas redes sociais, a campanha do pedetista ainda alimenta alguma esperança de chegar ao segundo turno. No PT, o dilema dos eleitores à esquerda não pretende ser alimentado. O partido prefere deixar claro que não vê o Ciro como antagonista e que a campanha não vai explorar nenhuma polarização com candidatos que podem ser aliados para enfrentar o presidenciável do PSL. A ordem do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, da cadeia, é manter o discurso para os mais pobres. As informações são do jornal O Globo.
Na tentativa de motivar a militância, Ciro diz que a eleição ainda está em aberto, pois cerca de um terço do eleitorado ainda não se decidiu, e só o fará no fim de semana. A campanha pontua que há dois movimentos importantes acontecendo em favor de Ciro: a adesão de artistas que antes apoiavam Haddad. Além disso, Ciro está confiante de que terá um bom desempenho no debate da Globo, na noite desta quinta-feira, e que a repercussão de sua performance na sexta e no sábado, véspera da votação, possa convencer indecisos a optarem por ele.
“(A adesão de artistas) é um movimento importante, de quem começa a ver que o Ciro é quem tem mais chances de ganhar do Bolsonaro. (Nos) ajuda porque são pessoas que têm penetração pública. Mas, além disso, tem uma onda forte acontecendo também na internet, nossa campanha cresceu muito nas redes nos últimos dias. O Ciro está conseguindo se mostrar como uma alternativa consistente à polarização. Tem muita gente indecisa ainda, e que vai tomar a decisão nesse fim de semana. O voto ainda está muito volátil”, aponta Nelson Marconi, um dos responsáveis pelo programa de governo de Ciro.
No PT, a preocupação é focar na agenda econômica. Lula teve conversas nesta quarta-feira com coordenadores da campanha. A intenção é mostrar que o “pobre será incluído no orçamento”. Haddad passou a dizer que Bolsonaro quer “aprofundar os atrasos promovidos por Temer”, como “cortar o 13º, o Bolsa Família e cobrar imposto dos mais pobres”.
A intenção é acusar Bolsonaro de ser um presidenciável que aumentará o desemprego. O partido resolveu antecipar a disputa de um eventual segundo turno. Também está organizando uma campanha para evitar a disseminação de “fakenews” no WhatsApp. Inclusive criou o Lulazap, uma conta para recolher conteúdo propagado pelo adversário.
A campanha de Haddad foi pega de surpresa com o forte crescimento de Bolsonaro na reta final da campanha e passa a deflagrar agora a agenda que só estava prevista para o segundo turno. A avaliação é que a subida do oponente revela a desagregação de valores que perpassa a sociedade brasileira. O capitão da reserva consegue penetrar no povão com argumentações que são senso comum, como o combate explícito e sem pudor à violência. O plano que já entrou em campo é demarcar ponto a ponto as diferenças entre um eventual governo petista e um governo do ex-capitão do Exército.
Um governo petista seria, na visão da campanha, a garantia de medidas para geração de emprego, a manutenção do salário mínimo, dos direitos trabalhistas, do Bolsa Família, do Prouni e o respeito à democracia. Cientes de que os ataques que sofrerão virão no campo da ética, tentarão se antecipar dizendo que sob Lula e Dilma houve fortalecimento das instituições de combate à corrupção.
Ainda no primeiro turno o PT tentará adequar o discurso para atenuar a visão extremista de que tem sido acusado. A ideia é procurar mostrar que, caso ganhe, fará um pacto político e social, admitindo que o Brasil vive um grave momento de crise e que é preciso união para superar as dificuldades que virão.
A campanha de Ciro Gomes entra na reta final apostando todas as fichas na carta que considera forte o suficiente para impulsionar um aumento significativo de votos nos últimos dias antes da votação: a de que o pedetista é o único candidato do campo “progressista” capaz de derrotar Bolsonaro. Esse discurso já vem sendo martelado há vários dias, mas agora que o cenário de segundo turno entre o capitão da reserva e o petista Fernando Haddad parece estar consolidado, com desaceleração do petista, Ciro prega que a polarização entre os dois é um cenário de competição entre quem tem mais rejeição. E ele, por outro lado, não é um voto contra nada e sim a favor de um projeto de desenvolvimento para o Brasil.
Para integrantes da campanha do PDT está claro que a “guerra eleitoral” de Ciro é contra Haddad, pois Bolsonaro está isolado na liderança, Haddad em segundo e Ciro em terceiro correndo atrás de uma surpreendente ultrapassagem em relação ao petista. Embora saiba que não é favorito e que o mais provável é que não chegue ao segundo turno, o clima da campanha é de motivação e confiança em alguma “turbulência” capaz de reverter o jogo em seu favor até domingo.
Em discurso para a militância na noite de quarta-feira, Ciro disse para os presentes não confiarem piamente nos institutos de pesquisa, pois as medições internas do partido dão conta de que ele está melhor colocado do que têm revelado o Ibope e o Datafolha.