Quinta-feira, 24 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 9 de junho de 2015
Em visita à Rússia para participar do primeiro fórum parlamentar dos Brics (grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), defendeu as doações de empresas a partidos políticos e disse que não é inimigo da comunidade LGBT (lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e transgêneros).
“Com a regra existente hoje, o financiamento [privado] é feito para partidos e candidatos. O que foi aprovado é somente para partidos”, afirmou, em referência à aprovação na Câmara, em maio, de doações eleitorais de empresas a partidos políticos.
A votação foi patrocinada por Cunha e ainda precisará de nova aprovação na Câmara e no Senado para que a possibilidade de doações de empresas a partidos seja incluída na Constituição.
O presidente da Câmara dos Deputados argumentou que, ao vetar as doações diretamente aos candidatos, a legislação ficou mais restritiva. “Beneficia o cidadão porque a outra opção seria o financiamento público, ou seja, pagar com impostos dos cidadãos as campanhas eleitorais. Em contraponto, a nova regra é menos onerosa para o cidadão”, afirmou.
Parada do Orgulho LGBT
E, no dia seguinte à 19 Parada do Orgulho LGBT em São Paulo – que teve Cunha como um dos principais alvos de críticas pelos manifestantes, por sua agenda conservadora –, o presidente da Câmara disse: “Não há gesto contra minoria sendo patrocinado por mim”.
“Eu não sou inimigo de ninguém. Eu represento aquilo que a maioria do Parlamento deseja. Não estou dizendo que a maioria esteja decidindo sobre o direito da minoria. Eu represento a expressão daquilo que a gente tem como maioria”, disse.
“Eu não tenho campanha nem contra nem a favor de quem quer que seja. Se O Boticário [marca que mostrou casais homossexuais em uma peça publicitária recente] está fazendo campanha, os organismos próprios de controle de publicidade são os que devem analisar. Cada um tem seu direito de liberdade de expressão. Não cabe a nós, do Parlamento, tratarmos disso”, declarou.
Orgulho heterossexual
Questionado a respeito de seu projeto de 2011, para criar o Dia do Orgulho Heterossexual, ele afirmou que era uma circunstância de um debate político feito há muitos anos, no qual estava fazendo um confrontamento político-ideológico dentro da linha que pedia voto.
Em fevereiro deste ano, o chefe da Câmara pediu que dois projetos de sua autoria voltassem as comissões da Casa – a criação do Dia do Orgulho Hétero e um projeto que criminaliza o preconceito contra heterossexuais.
Fórum dos Brics
O presidente da Câmara disse no discurso do fórum parlamentar dos Brics que a consolidação do bloco é importante para a preservação da paz e a resolução dos conflitos mundiais e também para a colaboração em temas atuais importantes, como o terrorismo e o tráfico internacional de drogas.
A viagem oficial de Cunha e do presidente do Senado, Renan Calheiros, foi cercada de críticas por ter incluído dias de turismo para os parlamentares da comitiva, muitos dos quais viajaram acompanhados de suas esposas a Israel e Rússia. Cunha afirmou que os gastos das esposas foram pagos pelos próprios políticos.
Questionado sobre a presença na comitiva do Pastor Everaldo (PSC) – candidato derrotado à Presidência em 2014 –, Cunha disse que o pastor foi a Israel e continuou a viagem a Moscou também por conta dele. (BBC Brasil)