Donald Trump deu ao discurso de posse como o 47º presidente norte-americano o tom de um comício ou das mensagens que costuma postar na sua rede social: enumerou uma lista de medidas provisórias a serem assinadas neste primeiro dia de mandato, no que chamou de início de uma nova era para os EUA. Detonou formalmente, mas sem o menor pudor, o governo de Joe Biden, que estava sentado a poucos metros, sentenciando-o como decadente.
A crítica ocorreu por Biden não conseguir “administrar uma crise simples em casa”. As palavras fortes foram feitas enquanto o ex-presidente estava sentado a poucos metros de distância do republicano.
“Agora temos um governo que não consegue administrar uma crise simples em casa e, ao mesmo tempo, tropeçar em um catálogo contínuo de eventos catastróficos no exterior”, disse Trump.
Ele traçou um panorama de decadência para a situação dos EUA. Aliás, o discurso relembrou também os do Estado da União, que os presidentes americanos fazem no início de cada ano, na sede do Congresso, para delinear as metas do governo. Trump deixou de lado os tradicionais apelos para a conciliação na passagem do bastão presidencial; preferiu continuar a falar apenas aos seus eleitores.
Na Rotunda do Capitólio, invadida e depredada há quatro anos por milhares de simpatizantes, boa parte das palavras do presidente foi para assegurar o que já havia antecipado na véspera: declarou emergência nacional na fronteira Sul para interromper a entrada de imigrantes e mandar “milhões de estrangeiros criminosos de volta”.
Sobre a imigração, um foco importante de seu novo governo, Trump disse que o governo Biden “não protege nossos magníficos cidadãos cumpridores da lei, mas prova ser santuário e proteção para criminosos perigosos”.
Ele continuou: “Temos um governo que deu financiamento ilimitado para a defesa de fronteiras estrangeiras, mas se recusa a defender as fronteiras americanas ou, mais importante, seu próprio povo.”
Sem dizer como fará isso – vários trechos do discurso soaram como irreais – Trump assegurou que o Canal do Panamá voltará para o controle dos EUA. “A China está operando o Canal do Panamá, e nós não o demos à China, demos ao Panamá. E estamos tomando-o de volta.”