Os temas e o formato do primeiro pronunciamento que o presidente interino, Michel Temer, estuda fazer, caso seja efetivado após a conclusão do impeachment da presidenta afastada Dilma Rousseff, foram acertados ontem em reunião com o marqueteiro do PMDB, Elsinho Mouco, e com o cientista político e amigo do peemedebista Gaudêncio Torquato.
Em cadeia nacional de rádio e TV, Temer usará o pronunciamento do Sete de Setembro para projetar as ações do governo. Apesar de citar a “herança” com dificuldades econômicas que recebeu do governo da petista, a ideia é que a mensagem seja focada mais em futuro do que em passado. “Não será um balanço, e sim uma mensagem de otimismo e esperança”, disse Torquato ao Estado.
Mouco afirmou que a mensagem terá também um pouco do que foi feito nos 100 dias de governo de Temer. “É a primeira vez que ele vai falar com todos os brasileiros, ele vai destacar o aumento de 12,5% no Bolsa Família, mostrar que o governo continua entregando imóveis no Minha Casa Minha Vida”, disse o marqueteiro.
Reformas
O foco principal da fala de Temer será a economia e a defesa de reformas estruturais. A ideia é tentar explicar para a população temas considerados fundamentais, como a reforma da Previdência e a trabalhista. Para depois do impeachment, o Planalto quer reforçar a ideia de que trabalha para a retomada da criação de empregos.
Temer vai também lembrar dos Jogos Olímpicos no Brasil para tentar mostrar que o País “pode dar certo”. “Ele vai mostrar que temos a capacidade de fazer bem feito, que a Olimpíada resgatou a autoestima dos brasileiros”, afirmou Mouco.
O marqueteiro do PMDB disse que Temer “será exatamente como ele é”. “Diferentemente do Lula que era um cara de camiseta e gibi na mão, ele vai se apresentar com terno e gravata e a Constituição.”
Viagem
A gravação da mensagem ainda será agendada e deve ocorrer apenas após o encerramento do impeachment. O formato, entretanto, tem de ser finalizado, já que Temer terá pouco tempo para gravar o pronunciamento antes de viajar para a China, onde participará da reunião do G-20, nos dias 4 e 5 de setembro. Existe ainda a possibilidade de Temer falar antes da viagem. Alguns interlocutores defendem que ele se manifeste de alguma forma logo após a decisão do impeachment. (AE)