Sexta-feira, 25 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 8 de março de 2021
Nesta segunda-feira (8), começaram a circular na Venezuela as cédulas de 200 mil, 500 mil e 1 milhão de bolívares, d forma gradual. Essas três novas notas não somam o equivalente a US$ 1 pelo câmbio oficial. A maior delas, por exemplo, equivale a 50 centavos do dólar norte-americano.
Um quilo de tomate, oito pãezinhos, um refrigerante de 250 ml ou uma barra de sabão de baixa qualidade podem custar cerca de 1 milhão de bolívares em uma economia marcada pela inflação, que fechou 2020 em quase 3.000%, passando assim pelo quarto ano de hiperinflação.
“Em um ciclo hiperinflacionário, um dos problemas é que a velocidade com a qual Banco Central atualiza o cone monetário é muito mais lenta”, detalha o economista Asdrúbal Oliveros. “A Venezuela acaba de lançar uma cédula que terá o valor mais alto e que não chega a 65 centavos de dólar. Mesmo com essas novas notas, é possível que não se consiga realmente otimizar o sistema de pagamentos.”
O dinheiro em bolívares também é muito escasso e os usuários fazem longas filas nos bancos para acessar, no máximo, 400 mil bolívares, o limite para o saque. O bolívar acabou sendo substituído pelo dólar, que se tornou a moeda de fato na Venezuela.
É comum que os preços de qualquer comércio venezuelano sejam transformados em dólares e os pagamentos sejam feitos em moeda estrangeira. O pagamento em moeda local normalmente é feito por cartão de débito ou transferência bancária.
O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, tem promovido a “digitalização total” dos pagamentos na Venezuela, incluindo o transporte público, atualmente o único setor onde prevalece o bolívar em dinheiro.
“Para isso, eles precisam ter um sistema tecnológico e logístico otimizado com o transporte que não têm, por isso retiram essas passagens para tentar amenizar um pouco o problema”, disse Oliveros. O cone monetário foi estendido pela última vez em junho de 2019.
Racionamento
A petroleira estatal venezuelana Petroleos de Venezuela começou a racionar diesel a caminhoneiros, e acordo com fontes ligadas ao setor de transportes, uma vez que a baixa produção de refino doméstico e a escassez de importações em meio à sanções dos Estados Unidos prejudicam a oferta.
Caminhoneiros frustrados bloquearam uma estrada no Estado central de Maracay em protesto pela escassez na sexta-feira mostraram imagens de mídias sociais.
Grupos industriais disseram que o racionamento sem precedentes provocará atrasos na entrega de produtos a mercados no país, que enfrenta uma prolongada crise econômica.
A falta de diesel acontece após o país sofrer com a escassez de gasolina em 2020, levando o presidente Nicolás Maduro a cortar os antigos subsídios e importar gasolina do Irã. O diesel ainda é distribuído aos caminhoneiros de forma gratuita.
A medida deixou para trás décadas de preços congelados que haviam transformado a Venezuela no país com a gasolina mais barata do mundo.
“Estamos falando de uma dificuldade sem paralelo nos últimos tempos”, disse Jesús Rodríguez, presidente da câmara de comércio da cidade de Puerto Cabello, sede do maior porto de contêineres da Venezuela.