Na manhã desta segunda-feira (21), um catador de materiais recicláveis remexia o conteúdo de um contêiner de lixo na Zona Norte de Porto Alegre quando foi surpreendido por uma descoberta macabra: em meio a diversos resíduos sólidos e orgânicos, havia um feto humano. Refeito do susto, ele comunicou o fato em uma unidade do Corpo de Bombeiros próxima.
O incidente aconteceu em um ponto não especificado da avenida Cristóvão Colombo, bairro Floresta, mas relatos indicam ter sido nas imediações da Igreja São Pedro. A ocorrência mobilizou integrantes da Brigada Militar (BM), Polícia Civil e Instituto-Geral de Perícias (IGP), com auxílio do batalhão de bombeiros.
Ainda não há pistas sobre quem depositou no local o pequeno corpo em gestação e só uma análise mais detalhada poderá dizer se o feto resultou de aborto induzido ou natural e qual o estágio de desenvolvimento.
Serviço fundamental
O episódio também chama a atenção para a importância do trabalho desenvolvido pelos técnicos do IGP. Por meio de seu Departamento de Perícias Laboratoriais (DPL), o órgão tem encarada aumento considerável no volume de demandas em áreas como química e genética forense.
Somente no ano passado, foram realizadas 74.497 requisições de exames, 30% a mais que em 2020, quando 58.224 laudos foram liberados pela unidade. Ao todo, 55.444 laudos de química forense foram emitidos pelo IGP em 2021, mesmo em meio à pandemia – crescimento de 42 % em relação à 2020, quando foram analisadas 38.439 amostras, e 38% em relação a 2019.
Na Divisão de Genética Forense, responsável pela análise de DNA em vestígios de crimes e identificação de indivíduos, dentre outras finalidade, em 2021 houve alta de 71% de solicitações de exame genético, em relação a 2020.
Foram 8.093 solicitações, frente a 4.738 registradas em 2020. Esse número está ligado ao aumento do número de coletas em apenados do sistema prisional e à realização do mutirão de coleta de familiares de desaparecidos no Estado, em junho (que resultou em um aumento de 69% no número total de identificação humana com resultado positivo).
Como funciona
A identificação se dá por meio do processamento das amostras de DNA não identificadas no Banco de Perfis Genéticos do Instituto e da comparação com o material biológico de familiares que buscam seus desaparecidos. Esses números possibilitaram a liderança do IGP no ranking de identificação de indivíduos por DNA no País pela sexta vez consecutiva.
O Departamento de Perícias Laboratoriais é responsável por boa parte das perícias laboratoriais do Estado, e possui três Divisões: Divisão de Genética Forense, Divisão de Química Forense Divisão de Toxicologia Forense. As perícias realizadas pelo DPL são solicitadas, basicamente, por outros Departamentos do IGP, autoridades policiais e judiciárias.
De acordo com a Secretaria da Segurança Pública (SSP), as expectativas para 2022 são de aumento no número de solicitações de todas as perícias atribuídas ao DPL. Também é projetada uma alta no que se refere a novas demandas de exames desse tipo.
(Marcello Campos)