Segunda-feira, 25 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 8 de setembro de 2017
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.
“Mais raro que dinheiro na praça.” A comparação mais repetida em tempos bicudos perdeu atualidade diante da imagem de oito malas e sete caixas cheinhas de notas de R$ 50 e R$ 100. De quebra, dólares apareciam aqui e ali. O montante precisou de oito máquinas e 14 horas para ser contado. Total: R$ 51.030.866,40.
Além da perplexidade e da indignação, a grana farta levantou questões ligadas à língua nossa de todos os dias. Uma delas: o coletivo das cédulas que compram bens e serviços. Sugerimos três: dinheirama, bolada, bolaço. Outra: a propriedade vocabular – quantia ou quantidade?
Ao nos referir a dinheiro, falamos em quantia. Ao falar de pessoas e outras coisas, damos passagem a quantidade: quantia de R$ 100; quantidade considerável de pessoas; quantidade de frutas.
Cédula e célula
Olho vivo! Ao menor descuido, lá vem o troca-troca. Não dê chance ao azar. Lembre-se de que uma letra faz a diferença. Cédula é papel que representa moeda. A maior cédula do real é de R$ 100. Célula joga em outro time. Tem a ver com biologia, física, aeronáutica etc. e tal.
Vira-latas
Dinheiro é bom. Comida também. Nem por isso merecem pedigree. Grafam-se com a inicial pequenina: real, libra, dólar, euro, dinar, coroa; arroz, feijão, churrasco, pão de queijo.
Tiro no pé
A palavra da semana? Foi autogrampo. Os irmãos Batistas gravaram áudio contra si mesmos. Não só por apresentarem um português sofrível. Mas também por conter declarações que vão levá-los à cadeia. As consequências do polissílabo não se restringiram aos maiores produtores de proteína animal do mundo. Chegaram às redações de jornais, sites, blogues. A questão: como escrever o vocábulo? Com hífen? Sem hífen?
Auto- joga no time de 90% dos prefixos. Pede o tracinho quando seguido de h ou de letras iguais. No caso, o. No mais, é tudo colado. Assim: auto-heroísmo, auto-história, auto-observação, auto-ondulação, autoescola, autodidata, autorregulamentação, autossatisfação.
Cadê o fim?
Os ponteiros andavam. As máquinas funcionavam a toda. E nada de chegar ao fim. A demora trouxe ao cartaz duas palavras que dão nó nos miolos de gregos, romanos, baianos e sergipanos. Uma: continuação. A outra: continuidade. Quando usar uma e outra?
Continuação tem a ver com o tempo de duração de um acontecimento: Quero ver a continuação da contagem do dinheiro. Venha assistir à continuação do filme.
Continuidade indica o prolongamento, a extensão de algo: A continuidade da Lava-Jato não está em discussão. O governo promete a continuidade dos programas sociais. Entre eles, o Bolsa Família.
Leitor pergunta
Confesso. Não gosto de receber mensagens de voz no celular. Tenho muitas razões para a má vontade. Uma delas é que são pouco audíveis. Outra, a falta de limites. A pessoa se esquece de que não está frente a frente com a outra. Aí, dispara a falar. Um horror! Como ser bem-vinda no momento de usar o recurso?
Celina Borges, Brasília
Vamos combinar? Mensagem de voz é fácil pra quem fala. Mas complicada pra quem escuta. Não dá para ouvir o recado e anotar pormenores ao mesmo tempo. Portanto, seja gentil. Só recorra à expressão oral em caso de emergência. Siga, então, estas diquinhas:
1. Escolha um lugar silencioso
2. Fale devagar e pronuncie bem as palavras
3. Dispense cumprimentos
4. Vá direto ao assunto
5. Seja objetivo
6. Respeite o tempo e a paciência do receptor: seja breve.
É isso.
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.