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“Não acho que as eleições nos Estados Unidos vão influenciar tanto assim os mercados”, diz presidente do Banco Central brasileiro

Campos Neto repetiu que todas as quedas sustentáveis de juros no Brasil estiveram relacionadas a choques fiscais positivos. (Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse ter uma visão “mais cética” sobre a capacidade de as eleições norte-americanas influenciarem os mercados. Em uma entrevista à rede CNBC, ele afirmou que esses efeitos podem ser mais limitados.

Campos Neto também voltou a dizer que as propostas em discussão nas eleições dos Estados Unidos – com aumento do protecionismo, combate à imigração e expansão fiscal – indicam uma inflação mais alta no país. Isso, ele afirmou, pode levar os juros americanos a estacionar em um nível mais alto.

“Se esse for o caso, talvez os juros dos EUA não possam cair tanto quanto iriam. E, se esse for o caso, há um impacto para os mercados emergentes”, afirmou Campos Neto. “Pode impactar a maneira como os mercados emergentes lidam com seus próprios problemas, porque isso impacta o custo de financiamento globalmente.”

O chefe do BC afirmou que considera o cenário de “soft landing” (“pouso suave”) na economia americana mais provável. “Achamos que podemos dizer isso cada vez mais”, ele afirmou. “Mas eu diria que a probabilidade do cenário de ‘hard landing’ diminuiu, e que a do cenário de ‘no landing aumentou.’”

Segundo ele, um “soft landing” da economia americana seria importante para o restante do mundo, especialmente para países que estão calibrando as suas políticas monetárias.

Falando sobre a inflação, Campos Neto disse que a grande dúvida é como as condições financeiras podem não estar restritivas o bastante para frear as economias, em meio a juros altos. “Essa é a questão, eu acho, que as pessoas estão perguntando não apenas no Brasil, mas em diferentes lugares”, ele disse, citando a expansão fiscal e algumas mudanças estruturais como possíveis explicações desse fenômeno.

Choque fiscal

Campos Neto repetiu que todas as quedas sustentáveis de juros no Brasil estiveram relacionadas a choques fiscais positivos. “É muito difícil imaginar uma situação em que, partindo de agora, nós somos capazes de ter juros muito menores do que hoje, a menos que nós sejamos capazes, de alguma forma, de produzir um choque positivo no lado fiscal”, afirmou.

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