Domingo, 27 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 22 de julho de 2019
A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, afirmou não acreditar em “sustentabilidade e preservação ambiental com miséria” e defendeu que produtores rurais sejam recompensados pelas áreas que conservarem.
“Onde tem miséria você não vai preservar”, disse em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo. Ela reconheceu que o Brasil tem uma imagem ruim no exterior sobre preservação ambiental e argumentou que, muitas vezes, o setor agrícola europeu usa isso como justificativa para proteger os seus produtores rurais de mercadorias brasileiras.
Uma das principais negociadoras do acordo de livre-comércio assinado entre o Mercosul e a União Europeia, Tereza Cristina declarou que os setores nacionais mais vulneráveis terão um tempo para se adaptar ao tratado comercial.
“Nós conversamos com vários setores que têm mais fragilidade para esse acordo. Agora começa uma nova fase. Temos a parte legal, a parte dos Congressos do Mercosul. Eles [europeus] têm lá a fase deles. Não é uma coisa que vai acontecer rapidamente. Todo o mundo estima que, para esse acordo ser implementado, vai levar de um ano e meio a dois anos. Temos esse prazo para trabalhar nossas cadeias produtivas. Do leite e do vinho e de outras mais que possam ter alguma fragilidade”, disse a ministra.
Ela pregou ainda “pragmatismo” nas relações comerciais do Brasil e disse que não ouve mais ninguém do governo falar sobre a mudança da embaixada em Israel de Tel Aviv para Jerusalém, o que gerou ameaças de boicote de árabes às exportações brasileiras de carne de frango.
Bolsonaro
O presidente da República, Jair Bolsonaro, defendeu neste mês uma articulação com governadores dos Estados brasileiros para revogar a demarcação de áreas atualmente voltadas à conservação ecológica.
O presidente citou como exemplo a reserva ecológica de Angra dos Reis, no Rio de Janeiro, onde ele defende que sejam implantadas atividades turísticas, a exemplo da cidade mexicana de Cancún.
“Por exemplo, vale para todos os Estados. No Rio de Janeiro, a gente quer fazer ali, pretende, com dinheiro de fora, transformar a baía de Angra em uma Cancún. Mas o decreto que demarca a estação ecológica só pode ser derrubado por uma lei”, disse o presidente. “Conversei com o [Ronaldo] Caiado [governador de Goiás] nesse sentido, com o governador do Pará também, estamos conversando com vários governadores, no sentido de nós nos unirmos para desmarcar muita coisa, por decreto no passado, para poder fazer com que o Estado possa prosseguir.”